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GRAVANDO 1
Sucessora de "Xica" retrata o período após a morte de Lampião com cenas rodadas em Paulo Afonso
'Mandacaru' revive cangaço na Bahia
ELAINE GUERINI
enviada especial a Paulo Afonso
Um bando de cangaceiros liderado pelo afilhado de Lampião se
aventura a cavalo pelo sertão
baiano após sequestrar uma noiva no dia de seu casamento. Essa
sequência, gravada há dez dias
em Paulo Afonso (a 471 km de
Salvador), vai desencadear uma
perseguição implacável na trama
de "Mandacaru", a sucessora
de "Xica da Silva", na Rede
Manchete.
Com cabelos compridos (resultado de um entrelaçamento
na raiz), lente de contato castanha e maquiagem para deixar a
pele mais morena, Victor Wagner, 38, encarna o protagonista
da história em sua terceira novela consecutiva na emissora. Tirana, seu personagem, sequestra a
filha do coronel mais importante
da região para vingar a morte do
padrinho Lampião e para manter
vivo o sonho do cangaço.
Tombos
"Esse é o papel mais físico de
minha carreira", conta o ator,
que sofreu vários tombos ao gravar as cenas em que cavalga impetuosamente levando a noiva
Juliana (Carla Regina) nos braços. "Já me acostumei. Quando
há cena de queda, eu digo: é minha, é minha", brinca o ator.
A sequência de cavalgadas com
o bando de Tirana pelo sertão
envolveu mais de cem pessoas,
um helicóptero para as tomadas
aéreas e um grupo de dublês
-além dos soldados que acompanhavam a equipe munidos de
soro antiofídico no caso de alguém ser picado por cobra.
"Viemos para cá gravar as cenas de ambientação da história,
com paisagens nordestinas, e para que o elenco tomasse contato
com a caatinga. Se pudesse, faria
a novela toda aqui", afirma o diretor-geral Walter Avancini.
A trama começa em 1938, ano
da morte de Lampião -assassinado a 7 km da hidrelétrica de
Paulo Afonso, na gruta de Angicos. "Quero retratar a luta pela
sobrevivência dos cangaceiros
depois da morte de seu líder. O
mais importante é mostrar o lado humano dessa gente", destaca o diretor.
O bando de Tirana vai bater de
frente com os soldados do tenente Aquiles (Murilo Rosa), nomeado pelo presidente Getúlio
Vargas para implantar uma nova
política de justiça no sertão, pondo fim ao cangaço.
"Não existe mocinho e bandido nessa história. Tanto o Tirana
quanto o Aquiles lutam por um
ideal, por aquilo que consideram
justo", conta Murilo Rosa, 26,
que forma com Victor Wagner e
Carla Regina o triângulo amoroso da trama.
Como Juliana foi namorada de
infância de Aquiles, ele se encarrega de resgatá-la. "Mas, apesar
de odiar Tirana no início, seu
sentimento por ele vai se transformar em uma grande paixão.
Quando Juliana é finalmente libertada, passa a rejeitar os valores da sociedade da época e volta
para o cangaço", adianta Carla
Regina, 2 .
Penteado a faca
A atriz, que chegou a machucar
a testa ao cair do cavalo durante
uma gravação, terá os cabelos
cortados a faca. Depois de matar
um cangaceiro que tenta estuprá-la, Tirana resolve "mudar o
seu penteado". "Quando Avancini me contou, fiquei chocada.
Mas agora já concordei. Além de
me ajudar a compor melhor a
personagem, o corte vai mudar a
minha cara."
A responsável pela cena do
corte dos cabelos de Carla Regina será a maquiadora Marina
Beltrão, 34. "Vou explicar como
Victor Wagner deverá passar a
faca e depois eu devo fazer o acabamento com navalha".
A maquiadora se encarregou
de dar uma "embrutecida" no
visual da maioria dos personagens. Matheus Petinatti, que interpreta o cangaceiro Fala Baixo,
está usando uma prótese para
alargar as narinas. "No começo,
incomodava muito. Agora, o nariz ainda fica um pouco inchado,
mas já acostumei", diz o ator.
Para viver Zagaia, o irmão de
Tirana, o ator Jayme Periard ganhou uma cicatriz abaixo do
olho esquerdo. "O personagem
exige um aspecto mais rústico
para passar a dura vida que eles
levam".
O único detalhe de maquiagem
do qual Jayme Periard e Victor
Wagner escaparam foi o esmalte
amarelado nos dentes -obrigatório para todos os cangaceiros.
"Existe um certo limite. Não dá
para colocar os mocinhos com
os dentes podres. O Mel Gibson
fez um guerreiro em 'Coração
Valente', mas continuou atraente", lembra Periard.
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