São Paulo, domingo, 6 de setembro de 1998

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HORÁRIO POLÍTICO
Micropartidos apertam o cinto na TV


Candidatos a governador às vezes fazem compras e atuam como produtores dos programas



RICARDO DOS SANTOS
da Agência Folha

Com orçamento reduzido, os candidatos a governador de São Paulo que concorrem pelos pequenos partidos fazem malabarismos para pôr no ar seus programas no horário eleitoral gratuito.
Esse é o caso de Levy Fidélix, do PTRB (Partido Trabalhista Renovador Brasileiro). Além de candidato a governador, ele é o responsável pela produção, criação e até compras para os programas.
"Eu cheguei a conversar com algumas produtoras. O preço era de R$ 300 mil, R$ 400 mil. Quem pode pagar um preço desses?", diz Fidélix.
Cotando aqui e ali, Fidélix consegue fazer seus programas gastando um total de R$ 18 mil.
O estúdio foi montado na própria sede do partido, no Jardim Paulista. Para o cenário, foram comprados 12 metros de feltro. Para o isolamento acústico, 500 caixas de ovos.
A câmera Beta (profissional) e a ilha de edição são alugados. Não há uma equipe fixa de produção.
Ao contrário de se incomodar com as dificuldades (tente identificar o rosto de algum dos candidatos a deputado que ele apresenta com fotos coladas em um painel durante o programa), Fidélix se orgulha de sua "produção".
"Sou do meio, sei como fazer", diz. O candidato apresentou por dois anos no SBT e na Bandeirantes o "TV Informática".
Na mesma faixa de custos estão os programas do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unidos). A produtora dos programas e militante Mariúcha Fontana explica que o preço para a campanha estadual deverá ficar em torno de R$ 20 mil.
Uma equipe de quatro pessoas faz o programa, que é gravado com uma câmera Super VHS, "semi profissional", como ela mesma define. Ilha de edição e estúdio são alugados.
A improvisação às vezes tem seu custo. Ela conta que, em um dos programas, foram usados cinco quilos de farinha e um secador de cabelos para simular uma neblina. "Entrou farinha no secador, foi difícil fazer certo, ficou um cheiro de bolo no estúdio", relembra.
Já o PSC (Partido Social Cristão), do candidato Edson Falanga, produz no Canal de São Paulo os seus programas. A produtora contratada, Vera Galhardi, diz que "não tem muito o que criar na produção" e que o custo do programa é "básico" -não revelou cifras.
Os programas são filmados em Beta no estúdio da emissora .
Para se ter um idéia da estrutura capenga dos "pequenos", basta citar a campanha do líder das pesquisas em São Paulo, Francisco Rossi. Com R$ 6 milhões totais previstos como gastos de campanha registrados no TSE, não é a campanha mais rica, mas dispõe de câmera digital, duas ilhas de edição e dois estúdios, além de uma equipe de 20 pessoas.
"Isso não é nem 10% das campanhas concorrentes", diz Francisco Malfitani, que comanda a equipe de produção de Rossi.
Pode até não ser, mas para aqueles que têm só traços do eleitorado, é uma estrutura invejável.



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