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OUTRO LADO
Para Globo, conceito é subjetivo
DA REDAÇÃO
A seguir, a entrevista que o diretor
da Central Globo de Comunicação,
Luis Erlanger, deu ao TV Folha:
O sr. considera que há excesso de violência na programação da TV Globo?
O conceito de violência em alguns
casos é absolutamente subjetivo. Há
quem veja violência num desenho
animado em que um gatinho persegue um ratinho. Limitar a análise sobre violência na TV numa mera compilação de números sem avaliar o
contexto chega a ser uma violência.
Por esse método, todas as histórias infantis que nossas bisavós contavam
seriam banidas, pelo menos a cena do
envenenamento da Branca de Neve
-tentativa de homicídio- ou a que
a Bela Adormecida fere o dedo na máquina de fiar -agressão-, João e
Maria seria totalmente censurado
-seqüestro seguido de maus-tratos
de menores- ou Pedro e o Lobo
-crime ecológico, hoje com prisão
sem direito a fiança-, sem contar o
triste fim da vovozinha de Chapeuzinho Vermelho ou o assassinato da
mãe de Bambi -assassinato qualificado- apontada como uma das cenas mais dramáticas de todos os tempos . Seria o fim dos clássicos infantis...
A emissora veicula campanhas institucionais, inclusive a do desarmamento, mas não é um contra-senso exibir
obras de ficção em que tudo é resolvido na força bruta?
Ao contrário, uma postura institucional com a nossa crença não pode
significar censura ou que devamos
ocultar a realidade. Nossas campanhas são um contraponto em relação
à realidade que apresentamos. Sem
contar que um levantamento estatístico muitas vezes valoriza os números
sem aprofundar no conteúdo: muitas
vezes a violência é apresentada como
forma de combatê-la. Um mau exemplo em alguns contextos leva à reflexão e à correção de rumos. Pesquisas
de psicólogos mostram que é importante mostrar -com o devido cuidado- para que as crianças saibam lidar com a realidade.
O programa, originalmente noturno,
"Você Decide" está sendo exibido à
tarde. Ele é indicado para um público
composto em grande parte por crianças e adolescentes?
Toda a nossa programação está enquadrada dentro na faixa etária do
horário, sendo que, quando necessário, fazemos as adaptações necessárias. E todos os temas [do "Você Decide"", infelizmente, fazem parte do cotidiano de crianças e adolescentes. Seria até ridículo dedicar a esse público
-ou a qualquer outro- uma temática distante da realidade que vivem.
Sendo que no caso do "Você Decide",
todos têm a oportunidade de se manifestar a respeito.
No mês de junho, entre 35 filmes programados pela emissora, apenas seis
não tinham na sinopse indicações de
violência. Filmes violentos dão mais
audiência que os outros gêneros?
Essa pergunta adota várias premissas incorretas, pois considera que filmes com cenas consideradas de violência são filmes violentos. Resumindo: nosso critério não se baseia numa
falsa relação entre suposta violência e
audiência -que por sinal não é verdadeira-, mas na escolha de obras
que tenham a ver com o mundo em
que vivemos, que divirtam e façam
pensar.
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