DA REPORTAGEM LOCAL

AO SOM do hit kitsch "I Love Chopin", o apresentador punk João Gordo dedilha um teclado cercado de belas modelos. A sua volta, um cenário, no mínimo, cafona. A inusitada cena -que integra a abertura do programa "Gordo a Go Go", que João comanda nas noites de segunda na MTV- é mais uma das brincadeiras do Departamento de Promo e Gráficos da emissora musical.
Responsável pela linguagem visual do canal, é ele quem cria e realiza as famosas vinhetas com o logotipo da MTV -que, na realidade, se chamam "ID" (de identidade)-, assim como as aberturas e cenários dos programas, as chamadas das atrações exibidas nos intervalos comerciais e até adesivos e camisetas.
"Há cerca de dois anos, passamos por uma profunda mudança. Todo o visual do canal ficou mais bem realizado e muito mais moderno", diz o diretor de arte Jimmy Leroy. Para ajudá-lo, ele conta com uma equipe de 17 pessoas, entre redatores, designers, produtores, coordenadores e estagiários, e softwares como "After Effects", "Avid", "Midia 100" e "Final Cut".
"Por sermos um canal menor, não temos a mesma estrutura de uma Globo, por exemplo. Mas, por isso mesmo, temos mais liberdade para criar. E, diferentemente de outras emissoras, não precisamos de um visual padronizado em nossos programas. Então, a gente sempre procura ser o menos óbvio possível, como no caso do "Gordo a Go Go". Desde o início, quando nem sabíamos ainda como seria a abertura, tínhamos em mente a música "I Love Chopin". É muito mais interessante colocar o João em uma atmosfera brega", explica Leroy.
No processo de criação, qualquer idéia é bem-vinda. No programa "Os Piores Clipes do Mundo", por exemplo, a abertura mostra cenas engraçadas de uma filmagem caseira com personagens fantasiados de super-heróis. "É uma fita antiga de um amigo de um produtor nosso. Feita em VHS, é ideal para o programa, meio trash, meio anos 80, como os clipes que aparecem na atração."
No caso dos "IDs", a MTV recebe muito material internacional, vindo de filias da emissora pelo mundo, como Austrália, Índia, Itália, Japão e até Rússia. "Cerca de 10% dos "IDs" são estrangeiros, além de alguns criados por gente que nos manda material. O resto fazemos aqui, usando todo o tipo de tecnologia. Gostamos de usar super 8, VHS, Beta, dependendo da textura e da idéia que queremos passar", afirma o diretor de arte.
(ERIKA SALLUM)

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