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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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PRESTÍGIO

Afastado desde 2001, ator estará na novela "Mulheres Apaixonadas", da Globo, que estréia no próximo dia 17

Rodrigo Santoro volta à TV depois de quatro filmes

Divulgação
Rodrigo Santoro, que fará par com Paloma Duarte na nova novela das oito


DA REPORTAGEM LOCAL

DEPOIS DE se firmar como ator dramático, nos filmes "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodanzky, e "Abril Despedaçado", de Walter Salles, Rodrigo Santoro, 27, fez o ainda inédito "Carandiru", de Hector Babenco, e filmou a continuação de "As Panteras" com Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu, nos Estados Unidos. Agora, o ator volta à TV, em "Mulheres Apaixonadas", próxima novela das oito da Globo, que estréia no dia 17.(FERNANDA DANNEMANN)


Como é voltar à TV?
Estimulante, porque eu já tinha vontade de trabalhar com o Manoel Carlos há muito tempo. Minha carreira está começando, e é fundamental que eu trafegue, por isso ando querendo fazer teatro, também. Além do mais, tenho um contrato com a Globo, e a última novela que fiz foi "Estrela-Guia" [2001]. Todo mundo me pergunta por que vou fazer TV. "E o cinema, e o cinema?". Eu digo que encaro a novela como mais um trabalho, e, se Deus quiser, daqui a pouco eu volto aos filmes.
Como é o seu personagem na novela?
É um boa-praça, um sedutor que não consegue controlar seus desejos e, por não saber dizer não, se mete em confusões. Faço par com a Paloma Duarte, mas vai rolar uma outra história, com a Camila Pitanga.
Depois de quatro filmes, você sente alguma estranheza no estúdio de TV?
Gosto de fazer televisão porque essa coisa meio descartável de, a cada semana ter um volume enorme de texto, é um exercício. O texto de uma semana de novela é quase um longa-metragem, a gente tem que estar muito atento para manter a credibilidade do personagem. A construção do personagem, aliás, é bem diferente: na novela, a gente se ambienta à medida que lê o roteiro; no cinema, o roteiro tem começo, meio e fim, você sabe quem é o seu personagem, de onde ele veio e pra onde vai, e precisa criar o imaginário, o passado e o futuro dessa pessoa. É um trabalho mais artesanal, são duas ou três sequências por dia, tudo muito ensaiado. Essas diferenças me estimulam, são uma reciclagem, é como se eu estivesse mexendo com outra parte do cérebro.
O prazer é o mesmo?
É difícil comparar. A TV é instantânea; o longa-metragem você faz e espera um ano pra ver o resultado. Quando fiz "Bicho de Sete Cabeças", fiquei ansioso. Agora, eu filmo e então paro de pensar. Em relação a "Carandiru", por exemplo, tenho uma ansiedade que não me consome, é uma expectativa boa.
Você dá importância às fofocas publicadas a seu respeito?
A mídia constrói essa história do mito. Tive uma oportunidade legal de fazer um filme nos Estados Unidos, e isso deveria ser visto com bons olhos. Não saí por aí falando o que fui fazer, nem fico contando vantagens. O John Lennon disse uma frase muito boa: "A fama não mudou nada na minha vida, mudou na das pessoas". Continuo sendo o mesmo, mas talvez haja uma expectativa, uma projeção muito grande, e as pessoas compram essa idéia, que não existe. Eu não sou de me expor, com isso, me dão umas cutucadas. As matérias maledicentes que têm sido publicadas são um retrato do preconceito, porque me relaciono muito bem com o elenco da novela e estou lá por opção.
E como foi filmar "As Panteras"?
Ótimo, mas não convivi com o elenco, como aconteceu nos filmes que protagonizei. Minha participação é pequena, mas pude ver como é fazer um filme de ação nos Estados Unidos, embora não tenha tido o gosto de participar da produção todos os dias. É completamente diferente da estrutura que temos aqui, e essa diferença é, fundamentalmente, o dinheiro. O filme de ação é um filme de eventos, tudo mudava todos os dias. Roteiro, cena, locação... As próprias meninas [Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu, protagonistas do filme] diziam isso. Elas falavam "a gente faz, faz, faz e não tem a menor idéia de como vai ficar depois."
Mas isso interfere no processo...
É, como o investimento é alto, a pressão e a cobrança são bem maiores, e o profissionalismo é muito grande. É uma cultura muito diferente. E fui muito bem recebido. Como não sou conhecido lá, não houve preconceitos do tipo "ele é o cara que fazia televisão."
Não houve preconceito pelo fato de ser brasileiro?
Não. Havia outros atores estrangeiros, todos recebidos da mesma forma. Não vi preconceitos com latinos nem com orientais.
Como é o seu papel?
Faço um assassino de aluguel chamado Emmers, dotado das mesmas habilidades físicas das Panteras. Curti demais, imagina... o cinema americano a gente assiste e diz "cara, como é que eles fizeram isso?!". Eu fui lá e vi como eles fazem. Mas, dramaturgicamente, não dá pra falar que foi um grande mergulho.
Mas nem todo tipo de cinema é um mergulho dramatúrgico...
Está cheio de preconceito por aí. Eu não tive nenhum, tanto é que fui lá e fiz, não me arrependo de nada. As pessoas adoram meter o pau em tudo, porque é fácil falar mal.
Você fez amigos no set?
Fiquei um pouco ansioso no começo, mas tinha amigos lá e isso me deixou à vontade. Depois que conheci as meninas [as protagonistas/ e fiz as provas de roupa, relaxei. Elas são legais, pessoas simples e extremamente simpáticas. A convivência foi boa com todos, mas amigos, amigos de verdade, não fiz. Não houve nem tempo pra isso.
E tem planos de continuar filmando no exterior?
Sigo meu instinto e as oportunidades. Independente de ser nos Estados Unidos, na Índia ou aqui. Não tenho nada a reclamar dos trabalhos que fiz no Brasil, muito pelo contrário, tive muita sorte, peguei oportunidades maravilhosas.
Depois do cinema você ficou mais exigente em relação à TV?
Comparar é o grande erro. O que mais fiz na minha carreira foi TV; depois, alguns filmes e quase nada de teatro. Ainda é cedo pra dizer o que eu acho melhor ou ficar exigente. O mais interessante da TV é a sua abrangência, principalmente no Brasil, onde a Globo está no país todo. Graças a Deus, o cinema está numa grande retomada da produção, e já se vê a retomada do público.
Seu melhor papel foi na TV ou no cinema?
Os papéis que fiz no cinema foram muito importantes e me tocaram muito. Não tenho preferência, mas "Hilda Furacão" me permitiu compor o personagem na TV. Me abriu oportunidades, como "Bicho de Sete Cabeças".


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