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ESTRÉIA
Série da Globo conta a história da maestrina que desafiou a sociedade em sua época
'Chiquinha' expõe saga feminina
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
"Chiquinha Gonzaga"
- a minissérie que estréia
na Globo terça-feira, às
22h40- é a saga de uma
mulher arrojada que abriu
alas para que as outras brasileiras encontrassem seu
caminho.
Assim o autor Lauro César Muniz define a história
da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga
(1847-1935), numa referência a uma de suas mais
famosas composições, a
marchinha de Carnaval
"Ó Abre Alas", que completa um centenário este
ano.
"Ela foi pioneira não só
como musicista e compositora, mas também como
uma mulher que não se
dobrou ao jugo masculino,
ao patriarcalismo que dominava sua época", diz
Muniz.
"Chiquinha Gonzaga
chocou a sociedade em que
viveu ao desafiar os costumes estabelecidos. Num
tempo em que era pecado a
mulher sair à rua, ela teve
três casamentos. A história
dela é tão rica que chega a
ser folhetinesca."
Chiquinha, idade já
avançada, vai ao Teatro
Municipal do Rio assistir a
uma homenagem a ela. Lá,
um grupo de teatro representa passagens de sua vida, numa espécie de auto.
Assim começa a minissérie que, segundo o diretor
Jayme Monjardim, "junto
com a história de Chiquinha Gonzaga vai contar 80
anos de história do Brasil". Serão mostrados fatos, disse ele, como a discussão em torno dos direitos das mulheres, a luta pela abolição da escravatura,
pela República, pelos direitos autorais e a história
do surgimento da música
popular brasileira.
"Ao assistir ao espetáculo, Chiquinha recorda como os fatos realmente
aconteceram. É feito um
contraponto entre a memória dela e os episódios
narrados no palco. Às vezes fica muito clara a mentira oficial", diz Muniz.
A minissérie é dividida
em duas partes. Na primeira, Chiquinha Gonzaga,
até os 30 anos (1877), é representada por Gabriela
Duarte -nessa fase será
mostrada a juventude da
compositora, que, apesar
de sua forte personalidade,
não consegue escapar das
determinações paternas,
casando-se com Jacinto
Ribeiro do Amaral (Marcelo Novaes).
Tempos depois de se separar, une-se a João Batista de Carvalho (Carlos Alberto Ricceli), com quem
tem uma filha. A última
união foi com João Batista
Fernandes Lage (interpretado por Caio Blat e Fábio
Junqueira), com quem viveu até a morte.
A segunda parte da história (1877 a 1935) é representada por Regina Duarte
-foi nessa época que Chiquinha Gonzaga floresceu
como compositora.
Para transformar Regina, 52, numa idosa de 87
anos, quando ela recebe a
homenagem no Teatro
Municipal, a produção foi
buscar em Hollywood o
maquiador David Press,
que utilizou uma espécie
de máscara de silicone para envelhecê-la.
O autor revela que, "por
existirem muitas controvérsias na biografia da
compositora", tomou
"algumas liberdades, porque a ficção exige isso".
Entre elas, a criação de
alguns personagens, como
por exemplo Suzette Fontain (Danielle Winits e Suzana Vieira), a rival da
protagonista. Segundo o
autor, ela é apenas citada
em um dos livros que leu
sobre Chiquinha Gonzaga.
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