São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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ESTRÉIA
Série da Globo conta a história da maestrina que desafiou a sociedade em sua época
'Chiquinha' expõe saga feminina

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

"Chiquinha Gonzaga" - a minissérie que estréia na Globo terça-feira, às 22h40- é a saga de uma mulher arrojada que abriu alas para que as outras brasileiras encontrassem seu caminho.
Assim o autor Lauro César Muniz define a história da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga (1847-1935), numa referência a uma de suas mais famosas composições, a marchinha de Carnaval "Ó Abre Alas", que completa um centenário este ano.
"Ela foi pioneira não só como musicista e compositora, mas também como uma mulher que não se dobrou ao jugo masculino, ao patriarcalismo que dominava sua época", diz Muniz.
"Chiquinha Gonzaga chocou a sociedade em que viveu ao desafiar os costumes estabelecidos. Num tempo em que era pecado a mulher sair à rua, ela teve três casamentos. A história dela é tão rica que chega a ser folhetinesca."
Chiquinha, idade já avançada, vai ao Teatro Municipal do Rio assistir a uma homenagem a ela. Lá, um grupo de teatro representa passagens de sua vida, numa espécie de auto.
Assim começa a minissérie que, segundo o diretor Jayme Monjardim, "junto com a história de Chiquinha Gonzaga vai contar 80 anos de história do Brasil". Serão mostrados fatos, disse ele, como a discussão em torno dos direitos das mulheres, a luta pela abolição da escravatura, pela República, pelos direitos autorais e a história do surgimento da música popular brasileira.
"Ao assistir ao espetáculo, Chiquinha recorda como os fatos realmente aconteceram. É feito um contraponto entre a memória dela e os episódios narrados no palco. Às vezes fica muito clara a mentira oficial", diz Muniz.
A minissérie é dividida em duas partes. Na primeira, Chiquinha Gonzaga, até os 30 anos (1877), é representada por Gabriela Duarte -nessa fase será mostrada a juventude da compositora, que, apesar de sua forte personalidade, não consegue escapar das determinações paternas, casando-se com Jacinto Ribeiro do Amaral (Marcelo Novaes).
Tempos depois de se separar, une-se a João Batista de Carvalho (Carlos Alberto Ricceli), com quem tem uma filha. A última união foi com João Batista Fernandes Lage (interpretado por Caio Blat e Fábio Junqueira), com quem viveu até a morte.
A segunda parte da história (1877 a 1935) é representada por Regina Duarte -foi nessa época que Chiquinha Gonzaga floresceu como compositora.
Para transformar Regina, 52, numa idosa de 87 anos, quando ela recebe a homenagem no Teatro Municipal, a produção foi buscar em Hollywood o maquiador David Press, que utilizou uma espécie de máscara de silicone para envelhecê-la.
O autor revela que, "por existirem muitas controvérsias na biografia da compositora", tomou "algumas liberdades, porque a ficção exige isso".
Entre elas, a criação de alguns personagens, como por exemplo Suzette Fontain (Danielle Winits e Suzana Vieira), a rival da protagonista. Segundo o autor, ela é apenas citada em um dos livros que leu sobre Chiquinha Gonzaga.



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