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ETERNAMENTE JOVENS
Desenhos como "Picapau" "Pernalonga" e personagens como Chaves e Didi ainda são sucesso de audiência na TV paga e na aberta
Programação infantil vive do passado
Divulgação
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Florinda Meza, Roberto Bolaños e Ruben Aguirre (atores da série "Chaves", de 1975) em cena de "Clube do Chaves", de 1990, que estreou há dois sábados no SBT |
CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL
SE, COMO no desenho "Futurama",
uma criança fosse congelada em
meados dos anos 80 e acordasse, não mil
anos depois, como o personagem Fry,
mas em uma manhã qualquer do ano
2001, não iria ficar tão desnorteada. Pelo
menos não se ligasse a TV.
Apesar da invasão de Pokémons e Power Rangers, que tomaram conta da televisão nos últimos anos e, sem dúvida, fazem sucesso, personagens como Picapau, Tom & Jerry e Perlonga -todos já
sessentões, criados nos anos 30 e 40-
continuam povoando programas e canais infantis e ainda têm lugar garantido
na lista dos preferidos entre as crianças.
No Cartoon Network -canal de desenhos que segundo o Ibope é o mais assistido da TV paga em São Paulo e no Rio-
o "talk show" comandado pelo super-herói Space Ghost, criado em 1966, é o
terceiro mais visto pelos assinantes, apesar de o líder do canal ser o moderninho
"Pinky e Cérebro".
Os "velhinhos", aliás, marcam presença na classificação do Ibope para os desenhos mais vistos da TV paga. Na sexta
posição dessa lista, está o clássico "Tom
& Jerry", que existe desde 1940 e também é exibido pelo Cartoon. "Picapau",
exibido pelo Fox Kids, aparece em 11º lugar, "Os Flintstones", em 16º, e "Pernalonga", em 22º (ambos no Cartoon).
O sucesso dos desenhos clássicos é tão
grande que o grupo Turner -a quem
pertence o Cartoon- vai lançar no Brasil um canal dedicado exclusivamente a
eles (leia texto ao lado).
"Esses desenhos são atemporais, seus
personagens não envelhecem nunca. O
humor inocente usado nos desenhos da
dupla Hanna-Barbera ainda é popular
entre as crianças de hoje", explica Cindy
Kerr, vice-presidente de programação
do Cartoon para a América Latina.
Para a psicanalista infantil Ana Olmos,
o segredo do sucesso desses desenhos é
que as crianças se identificam com os
conflitos criados pelos personagens. "Os
desenhos mostram sentimentos centrais, como amor, raiva, medo, muito definidos, o que ajuda a criança a identificar esses sentimentos", diz.
Mas não é só na TV paga que os "velhinhos" fazem sucesso. Em boa parte das
manhãs, o SBT consegue vencer a Globo
na guerra pela audiência exibindo desenhos com personagens como Papa-Léguas, Ligeirinho, Gaguinho, que já divertiram gerações passadas. A "Hora Warner", faixa de horário na qual são exibidos, frequentemente ganha da Globo ou
empata com a programação da emissora, que no horário (das 8h às 9h) está exibindo o "Mais Você", com Ana Maria
Braga.
"Nós sempre renovamos o contrato
para exibição desses desenhos, porque
são sucesso garantido entre crianças e até
adultos -que formam boa parte do seu
público", diz Mauro Lissoni, diretor de
programação do SBT.
Concorrendo diretamente com o infantil "Bambuluá com Angélica", que
tem atrações como "O Máskara" e "Rocket Power", o "Bom Dia & Cia." (das 9h
às 12h), também do SBT, é outro que incomoda a audiência global com desenhos clássicos.
Mas a mais antiga "pedra no sapato"
da Globo é o seriado mexicano "Chaves", que começou a ser produzido em
1975. Exibido pelo SBT desde 1984 e reprisado à exaustão -já que é diário e a
emissora possui cerca de 140 episódios- a série já fez o programa de Ana
Maria Braga na Globo mudar de horário
e quase diariamente derrota (ou pelo
menos empata com) a novela exibida no
"Vale a Pena Ver de Novo".
"O "Chaves" é nosso coringa. Atinge todas as faixas sociais e etárias, tem uma
audiência garantida, e, melhor, nunca
pede aumento nem sai de férias", diz
Mauro Lissoni. A cada cinco anos, o SBT
renova automaticamente com a rede
mexicana Televisa o contrato de exibição
da série.
O sucesso do seriado fez o canal passar
a exibir, há dois sábados, o "Clube do
Chaves". A produção, que data de 1990,
traz Roberto Bolaños (o Chaves) vivendo
personagens diferentes e contracenando
com os atores do seriado original.
Um exemplo nacional de permanência
continuada no vídeo é o humorista Renato Aragão, que está no ar pelo menos
desde a década de 70. Mesmo com o final
de seu grupo, "Os Trapalhões" (com a
morte dos colegas Mussum e Zacharias),
permaneceu no gosto das crianças, primeiro com uma sequência de reprises de
velhos programas, depois com "A Turma do Didi", ainda exibida na Globo.
"Baixinhos'
E se a tal criança que foi congelada nos
anos 80 no início deste texto fosse um
pouco preguiçosa e esperasse até o final
deste ano para acordar, poderia ainda
(re)encontrar Xuxa à frente de um programa infantil diário.
Há duas semanas, a apresentadora
anunciou que vai voltar a ter uma atração diária. O projeto deve se chamar
"Xuxa só para Baixinhos" -e, pelo jeito,
não será muito diferente do "Xou da Xuxa", exibido pela Globo de 86 a 92.
"Pode até parecer repetitivo para quem
assistia ao programa antigo, mas não para as crianças de hoje, que nunca viram o
"Xou da Xuxa'", diz Marlene Mattos, diretora do projeto.
Não é apenas o público infantil, no entanto, o alvo do "revival" que atinge a televisão. A partir de amanhã o canal Fox
Kids estréia o "Bloco Insônia", das 23h às
2h. Além de desenhos antigos, o programa resgata a série "Batman", estrelada
por Adam West, sucesso nos anos 60.
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