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Evangélicos são mais dinâmicos, diz antropóloga
DA REPORTAGEM LOCAL
"A televisão tem uma
influência direta na religião, tanto na sua própria
linguagem como na forma como as pessoas encaram a formação religiosa." Essa é a opinião da
antropóloga Regina Novaes, que faz parte do Iser
(Instituto de Estudos da
Religião), no Rio de Janeiro, e coordena o comitê
editorial da revista "Religião e Sociedade". Leia
abaixo trechos da entrevista concedida por ela à
Folha.
Os programas religiosos
são hoje muito presentes
na televisão brasileira. Por
que isso acontece?
A religião faz parte da
sociedade e usa os meios
presentes nela para se
propagar. Vivemos em
uma sociedade de informação, e é natural que a
religião faça uso dos
meios de comunicação de
massa.
A linguagem da televisão influencia o discurso
da religião?
A comunicação é uma
preocupação fundamental na TV e se torna uma
preocupação dos programas religiosos também,
que devem se adaptar ao
veículo em que estão. E,
como há concorrência entre esses programas, eles
buscam o aperfeiçoamento da comunicação, procurando juntar compreensão e emoção. Há
também a linguagem da
imagem, que deve passar
credibilidade. E muitas
igrejas já incorporam esse
"espetáculo" no próprio
templo, fazendo de seus
cultos quase programas
de auditório.
De que maneira a TV influi nos costumes religiosos das pessoas?
A TV atua em mão dupla. Por um lado, ela acaba substituindo os compromissos religiosos. Alguém que não pode estar
presente na missa, por
exemplo, assiste pela TV,
e isso substitui sua presença na igreja. Por outro
lado, os programas funcionam como um convite
para o telespectador. Ele
vai à tal igreja porque ouviu um pastor falando na
TV e quer vê-lo ao vivo.
Por que há uma diferença tão grande entre a linguagem dos programas
evangélicos e católicos?
A segmentação e a autonomia das denominações
evangélicas favorecem o
uso ágil dos meios de comunicação. O pastor de
uma denominação dá satisfação do que faz na TV
apenas para sua comunidade. Por isso tem mais liberdade. Os católicos são
mais centralizados, hierárquicos. Para se fazer
um programa deve haver
um consenso das autoridades. Além disso, os
evangélicos têm menos rituais, são mais dinâmicos.
E isso influi diretamente
no conteúdo e na linguagem dos programas.
(CLÁUDIA CROITOR)
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