"TURMA do Gueto", a série da Record que estreou nesta semana, começou bem -ao menos na audiência: dez pontos de média, segundo números preliminares do Ibope.
Com roteiro ruim e uma direção que às vezes acerta, o discurso moralista do protagonista, o pagodeiro-ator Netinho de Paula, cansa o telespectador. No elenco (fraco e que carrega nas tintas quando tenta fazer comédia), Simony está completamente fora do tom. No texto, o rap declamado que Afro-X usa para se comunicar é inverossímil.
Mas nem tudo está perdido. Sidney Santiago, 17, no papel do delinquente Xarope, e Jorge Marcondes, 34, o honesto Edson que, por fatalidade, cai no crime, tiveram bom desempenho.
Sidney, filho de pescadores, viveu numa colônia de pesca do Guarujá até os 15 anos. Graças ao esforço da mãe, ganhou uma bolsa e veio para São Paulo estudar teatro. Em 2001, participou de "Caminhos da Fama" e "Aventura em Cabo Frio", novelas da Rede TV!.
"No teste da Record, perdi as esperanças, porque tinha muitos modelos musculosos", diz ele, que quer chegar a Hollywood, mas já estava procurando um emprego fora da TV.
Para Jorge Marcondes, que antes de fazer teatro com José Celso Martinez e Ulisses Cruz jogou futebol no Palmeiras e no São Paulo, a competição foi dura. "Para o meu papel, concorri com umas 200 pessoas", diz. Criado no Bexiga, afirma que conhece a linguagem do gueto. "Nos anos 80, o Bexiga era igual ao Capão Redondo hoje", afirma. Contrário ao sistema de cotas para atores negros, Jorge diz que outras emissoras já estão de olho nele. "Não adianto pra não melar".
Contratado por quatro meses, o elenco da série torce para que a audiência se mantenha e a Record amplie a previsão inicial de 16 episódios. Mas a emissora adianta: ainda é cedo para falar disso.


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