São Paulo, domingo, 12 de abril de 1998

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"POR AMOR"
Gabriela evita morte de Eduarda


Atriz consegue mudar os planos do autor, que pretendia matar a personagem no início da novela


Divulgação
A atriz Gabriela Duarte, que interpreta a jovem Eduarda na novela "Por Amor''


da Reportagem Local

Desde que aceitou interpretar Eduarda em "Por Amor", Gabriela Duarte, 23, sabia que a personagem estava fadada à morte. Na sinopse original da novela, esse seria o artifício usado pelo autor para solucionar o polêmico caso da troca dos bebês.
Dois fatores, no entanto, prometem fazer com que Manoel Carlos escolha outro desfecho: a virada de Eduarda -mostrando que ela não é apenas uma menina mimada e arrogante- e a expectativa do público, que prefere ver a personagem feliz, de preferência nos braços de Marcelo (Fábio Assunção), no final da trama.
"Sou um autor que ouve a voz das ruas, e as pessoas pedem para que Eduarda não morra", diz Manoel Carlos, que só deve definir o destino da personagem e decidir qual a melhor solução para o conflito central de "Por Amor" duas semanas antes do final.
A enquete Disque-Marcelinho, realizada no mês passado pelo TV Folha, também detectou que o público não quer a saída de Eduarda da trama -contrariando uma suposta antipatia do público com relação à personagem expressa no site "Eu odeio a Eduarda", que foi criado na Internet.
"Como intérprete desse personagem tão polêmico, não posso negar que é muito gratificante ter conseguido dar outro rumo à vida de Eduarda", afirmou Gabriela Duarte à Folha, após desfilar em prol da campanha Ação Criança durante evento do Mappin, em São Paulo. Leia a seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Como você vê essa mudança de planos do autor, que parece ter desistido de matar Eduarda?
Gabriela Duarte -
Sempre achei que a morte da personagem era um artifício que o autor usaria para resolver a questão da troca dos bebês. Dramaticamente, isso é coerente. Mas acho que a reviravolta de Eduarda levou o público a ser cúmplice dela, a gostar dela e acreditar nela. Ela não pode mais morrer. Isso seria muito decepcionante.
Não existe mais aquela menina chata, arrogante e mimada. Agora, o que existe é um grande dilema na mãos do autor. Acho que ele vai encontrar uma maneira coerente de solucionar a trama sem a morte dela.
Folha - Você pressentiu essa virada de Eduarda?
Gabriela -
Existia um nível de envolvimento tão grande da minha parte que eu não consegui detectar essa mudança enquanto ela acontecia. Manoel Carlos faz isso muito bem. Ele faz um personagem mudar gradualmente, sempre de uma forma adequada e orgânica.
Isso é maravilhoso. Quando um personagem muda de um dia para outro, o público não acredita. O que eu acho interessante é que Eduarda mudou, cresceu, mas continua insegura, fútil e com outras características que trazia no início da novela, mas em menor grau.
Folha - Como você encarou o site "Eu odeio a Eduarda"? Ficou chateada ou satisfeita com a repercussão do personagem?
Gabriela
- Nunca me senti pessoalmente atingida. Se a página chamasse "Eu odeio a Gabriela Duarte", ficaria chateada, mas não foi o caso. Eu tenho de dizer que isso tudo criou uma polêmica muito saudável em torno do meu trabalho.
Se outra atriz tivesse feito a Eduarda, a personagem seria completamente diferente. Talvez o público não a odiasse tanto naquele período. Mas sou eu que estou fazendo, e ninguém pode dizer que está errado. Ela é a minha Eduarda.
Folha - Você se sente preparada para o que vem por aí? Em breve, Eduarda descobre que o marido terá um filho com outra e que Marcelinho não é dela...
Gabriela
- Isso me preocupa e me angustia como pessoa e como intérprete. Vou ter de buscar elementos que me façam viver isso. Quando você vive de verdade, tem uma reação espontânea. A vida te apronta coisas assim e você reage de uma determinada maneira.
Agora, quando você tem um texto para seguir e sabe que vai ter de passar por aquilo, é preciso pesquisar. Tenho uma idéia clara de como me sentiria se estivesse no lugar dela, e vou tentar emprestar a Eduarda essa vivência da Gabriela na hora de representar.
Para o ator, essas cenas são maravilhosas porque te obrigam a fazer uma busca, um mergulho dentro de você mesmo. Você se pergunta qual seria o verdadeiro sentimento naquele momento.
Folha - Como tem sido contracenar com sua mãe (Regina Duarte) na maioria de suas cenas?
Gabriela
- Maravilhoso. Esse trabalho foi uma surpresa para nós duas. Já existiu na nossa vida um momento em que pensar nisso era muito complicado. Eu ficava ansiosa e tenho certeza de que ela também. Existia muita insegurança da minha parte e isso me apavorava muito.
Quando o momento chegou, eu já me sentia mais preparada. Nós vimos uma possibilidade de realizar um belo trabalho e de desenvolver essa coisa bonita da nossa relação. O nosso relacionamento melhorou muito.
(ELAINE GUERINI)



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