São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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CASO ENCERRADO

Ator fala da tristeza pelo fim da série "Ally McBeal"


Greg Germann diz que o elenco sofreu como se alguém tivesse morrido, mas admite que a fórmula se esgotou


MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

ELES JÁ esperavam por isso, mas, mesmo assim, quando a notícia foi dada pela voz do próprio criador da série, David E.Kelley, o elenco de "Ally McBeal" sentou e chorou. "Foi muito dolorido para todos nós", disse ao TV Folha, por telefone, o ator Greg Germann, que durante cinco anos interpretou o irrequieto e excêntrico advogado Richard Fish.
"Sabíamos que David estava vindo à gravação para nos dar oficialmente a informação, mas não conseguimos conter a emoção. Foi desconcertante. A sensação era de que alguém tinha morrido", afirmou Germann, 40. Na entrevista, concedida do set, durante os ensaios para a gravação do último episódio da série (que será exibido no próximo dia 20 nos Estados Unidos), o ator contou ainda que tinha certeza de que "Ally" não poderia ser estendida por mais um ano. "Rompemos várias barreiras e excedemos em originalidade desde a nossa estréia, em 97. Exatamente por isso, depois de cinco anos, não tínhamos muito para onde ir. Não sei o que mais David poderia fazer com esses personagens", disse Germann, que agora pretende tirar umas férias prolongadas antes de procurar outro emprego. "Muito provavelmente, irei ao Brasil", afirmou, depois de fazer detalhadas perguntas sobre o Carnaval brasileiro. Mas, de fato, a comédia musical e dramática "Ally McBeal", aclamada por críticos quando foi lançada, revitalizando a carreira do ex-advogado Kelley e fazendo com que a imprensa parasse de citá-lo como o marido de Michelle Pfeiffer, foi um marco na comédia televisiva americana. "A diferença entre "Ally" e meus outros projetos é que a série deu certo", costuma dizer Kelley. Tão certo que faturou vários Emmys. Embevecido pelo sucesso de crítica e público, o roteirista/produtor engajou-se na criação de outras séries, como "Boston Public" e "The Practice". Mas, desde a temporada passada, "Ally" vinha apresentando índices anoréxicos de audiência. Mais precisamente, uma perda de 25% dos telespectadores. Assim, Kelley e a Fox decidiram que era hora de pendurar as minissaias de Calista Flockhart. A atriz, por sua vez, há mais de um ano se prepara para esse dia, programando, inclusive, uma longa estada no Caribe com o filho que adotou durante a terceira temporada do show. Planos, evidentemente, feitos antes que ela iniciasse o romance com o ator Harrison Ford. Mas Flockhart, que deve ao personagem o status de celebridade hollywoodiana, desenvolveu um mecanismo de defesa para não sentir tanta falta de Ally. "Mantive um diário secreto por anos no set", disse a atriz à televisão americana. "Nele, escrevia tudo de ruim que acontecia durante as filmagens." Dessa forma, Flockhart imagina que, quando olhar para trás, vai lembrar que nem tudo foram flores. Para o bem ou para o mal, Ally, sua esquizofrenia não diagnosticada e as peripécias de um bando de advogados em Boston vão fazer falta. A comédia, citada, diversas vezes como "fenômeno cultural revolucionário" e, pela semanal "Time", como a responsável direta pelo reaquecimento da discussão sobre o feminismo pós moderno, inaugurou um novo gênero televisivo. Além disso, colocou a rede em destaque no disputado jogo entre as emissoras abertas americanas. Agora, a Fox, associada mais uma vez ao "workaholic" Kelley, prepara-se para lançar "Girls Club", uma comédia que seguirá a trajetória de três jovens advogadas em Nova York e que está, enquanto você lê essas linhas, contratando seu elenco. Para muitos dentro do estúdio, "Girls Club" vai ser a continuação vitaminada de "Ally". Mas, mais do que isso, a nova série de Kelley pretende fazer com que o gênero televisivo que ele criou em 97 permaneça vivo.

No Brasil Os fãs brasileiros da série podem assisti-la tanto na TV paga quanto na aberta. O canal Fox está exibindo essa última temporada às quintas-feiras, às 21h, com reprise aos sábados, às 15h. Desde abril, o canal intercala três episódios inéditos com um que já foi ao ar. O último capítulo tem exibição prevista para 13 de junho.
Na TV Gazeta, está indo ao ar, em versão dublada, a primeira temporada, sempre às quartas-feiras, às 22h15. Segundo a emissora, a audiência oscila entre 1 e 1,5 ponto (cada ponto equivale a 47 mil domicílios da Grande SP sintonizados na atração). A Gazeta atualmente detém apenas os direitos de exibição da primeira temporada.


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