São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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TV PAGA
"Casa-Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, será exibida a partir de sexta-feira como parte da festa dos 500 anos do Descobrimento do Brasil no canal GNT
Nelson Pereira dos Santos traz a obra de Freyre à TV

DA REPORTAGEM LOCAL

CELEBRANDO o centenário do nascimento do sociólogo Gilberto Freyre e pegando carona nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, o GNT exibe nesta sexta-feira, dia 21, às 21h, a primeira parte do documentário "Casa-Grande & Senzala", dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
Baseada na obra homônima que imortalizou o sociólogo, a série - com quatro programas de 52 minutos cada, filmados em 16 mm- seguirá a sequência dos capítulos do livro para mostrar a visão de Gilberto Freyre sobre o papel da miscigenação das raças na formação do Brasil.
"Não quero fazer nenhuma interpretação sobre a obra de Freyre. Quero apenas mostrá-la, sem levar em conta as críticas ou elogios que recebeu", explica Santos. "Pretendo contar o que Freyre disse e escreveu."
O primeiro episódio é o único que já foi filmado até agora -justamente para que sua exibição coincida com as comemorações dos 500 anos- e traça um perfil de Freyre (1900-1987), contando passagens de sua vida no Recife, sua cidade natal, e, mais tarde, nos Estados Unidos e na Europa.
O programa relembra também os acontecimentos que envolveram a publicação do livro "Casa-Grande & Senzala", em 1933, e é narrado por Edson Nery da Fonseca, professor emérito da Universidade de Brasília, amigo pessoal e colaborador do sociólogo. Fonseca é também co-roteirista da produção.
"Na verdade, este é um documentário mais sobre as memórias de Edson com relação a Gilberto Freyre. Não gosto nem de definir como documentário, porque é um relato feito de uma maneira mais afetiva, do jeito que eu imagino que Freyre iria fazer. Ele sempre fez questão de dizer que não era formal, não era acadêmico, que era, na verdade, "anti-acadêmico'", diz o diretor.
Quem faz o papel do sociólogo em algumas passagens desse primeiro capítulo é seu neto, Fernando Mello Freyre, 22, que foi escolhido por Santos por causa da semelhança física que tem com o avô. Outro neto, Gilberto Freyre Neto, superintendente da Fundação Gilberto Freyre, também participa da produção com um depoimento.
Os outros três episódios -esses focados diretamente no livro "Casa-Grande & Senzala"- devem ser rodados até setembro, para ir ao ar em outubro pelo GNT, co-produtor do documentário.
Nelson Pereira dos Santos começou a desenvolver o projeto da série no ano passado, depois de não ter conseguido recursos para rodar o que seria seu 17º longa-metragem, "Guerra e Liberdade - Castro Alves em São Paulo" (o que já tinha sido captado foi transferido para a produção com o GNT, que ficou orçada em R$ 3 milhões).
Com o término da série, Santos espera algo mais do que a sensação de um projeto realizado. "Temos gravado um depoimento do próprio Freyre em que ele diz ter sentido um prazerenorme, que chegou a ser um prazer físico, erótico até, quando terminou de escrever "Casa-Grande & Senzala". Espero pelo menos chegar perto de sentir esse prazer quando terminar este trabalho." (CLÁUDIA CROITOR)



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