São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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HOMEM DA LEI

Vencedor do "No Limite" ganha mais 15 minutos de fama

FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA

Depois da fama efêmera por ganhar o prêmio de R$ 300 mil do programa "No Limite 3", da TV Globo, o capitão da Polícia Militar de Natal (RN) Rodrigo Trigueiro voltou a estar no foco dos refletores há dez dias. Por exigência dos próprios criminosos que mantinham como refém a consultora de marketing Ísis Nóbrega, 27, o capitão atuou como um dos negociadores e conseguiu que o sequestro-relâmpago terminasse bem depois de seis tensas horas.
"Protegido por um colete à prova de balas, me aproximava do carro para levar água e celular para os bandidos e dar mensagens do tenente Marinho, que também negociava com eles", relembra o capitão, que também é comandante da Companhia de Operações com Cães. "Quando os sequestradores me viram lá, pediram que eu fosse o intermediário, e isso fez com que a fama, que estava diminuindo, aumentasse de novo. Mas não quero ser herói de nada, só fiz o meu trabalho", afirma ele, que, em Natal, ainda é assediado para dar autógrafos e tirar fotos com fãs. "A TV é assim, transforma uma pessoa comum em ídolo. É bom receber este carinho, mas quando é demais atrapalha. Quando saio, vou preparado para contar a mesma história que já contei 300 milhões de vezes", diz ele, que recebeu telefonemas de todos os ex-companheiros do "No Limite" depois do sequestro-relâmpago.
Apesar do novo feito, o capitão não renega a fama de preguiçoso que angariou pelas horas passadas na rede durante o "reality show". "Adoro uma rede! Até na Companhia tenho uma e, se não tirar um cochilo de 40 minutos depois do almoço, fico mal-humorado."
Apesar de ser tão adepto do cochilo, ele não teve sua reputação arranhada na Polícia Militar. "O pessoal aqui me conhece. Eu estava no meio do mato, com fome, com sede e competindo. Não fui otário de me desgastar. Fiquei na rede observando o comportamento das pessoas. Não foi estratégia, a minha natureza é tranquila."
Filho de um coronel da reserva e irmão de dois tenentes, o capitão usou parte do prêmio para pagar dívidas e outra parte para comprar motos para a família inteira. "Gastei R$ 70 mil e apliquei o resto em imóveis e em planos de previdência. Não tenho os R$ 2 mil da PM? Isso dá pra viver com minha mulher e meu filho de três anos", contabiliza, enquanto planeja o futuro: "Quando me aposentar, quero abrir uma loja especializada em motocicletas. Depois, vou viajar o mundo todo de moto com uma gata cheirosa na garupa. Sou folgado mesmo", define-se.



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