São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997.



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Crise criativa gera uma onda de remakes de novelas consagradas

Patrícia Santos/Folha Imagem
Os gêmeos Bruno e Tiago de La Rocque, que fazem o menino Téo no remake de ''Anjo Mau'', da Globo


MARIANA SCALZO
da Reportagem Local

Há que diga que não se fazem mais novelas como antigamente. Há também aqueles que dizem que não existem mais bons autores. O fato é que algumas das próximas atrações nas duas principais emissoras brasileiras serão versões de textos consagrados.
Em setembro, estréia na Globo "Anjo Mau", escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes. Sua primeira montagem foi ao ar em 1976. Suzana Vieira era a ambiciosa babá Nice, que fazia de tudo para conquistar o patrão e subir na vida.
"Anjo Mau" está sendo adaptada por Maria Adelaide Amaral. "Dizer que é apenas um remake é inexato. Estou acrescentando novas tramas paralelas. Na época, elas não tinham muita importância, eram frágeis e inaproveitadas", diz a autora.
A produtora JPO, de Roberto Talma, já começou a gravar um remake de "O Direito de Nascer". Para Aziz Bajur, que coordena a adaptação, é preciso ser fiel ao estilo do autor. "Você está preso a uma história que não é sua. É até um pouco frustrante. Mas nesse caso, pudemos abrir a trama e criar um pouco."
Segundo Renata Pallottini, escritora e professora-doutora do núcleo de telenovelas da USP, "não há um empobrecimento do gênero. Sempre cabe uma reedição de um texto ou de uma história consagrada. Isso não significa o fim de um ciclo ou a queda da vitalidade das novelas".
Para Crayton Sarzi, que supervisiona a adaptação de "O Direito de Nascer", faltam bons autores. "As novelas da Globo são muito chatas. É tudo lindo, bem produzido, mas não tem história. O público não acompanha mais os dramas de 15 personagens e as tramas paralelas. As histórias têm de ser mais lineares. Chega dessa fantasia."
Na opinião do consultor da Globo Mauro Alencar, "Um remake só funciona se a trama for bem retrabalhada. Cada tempo tem sua identidade e sua linguagem. Mas uma adaptação com novos recursos mostra a transformação das novelas."



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