São Paulo, domingo, 18 de outubro de 1998

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OUTRO LADO

Apresentador diz que não sabia de esquema

da Reportagem Local

O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, disse estar surpreso com a revelação do esquema de farsas em seu programa no SBT.
"Estou surpreso. Não imaginava que esses casos não eram verdadeiros. Acho isso um absurdo. Jamais faria um negócio desse", afirmou.
O apresentador, no entanto, disse ter desconfiado do caso em que o pedreiro Sebastião José de Oliveira interpretava um marido traído que havia flagrado, em gravação de vídeo, ato de adultério de sua mulher.
"Fiquei cismado. Como é que alguém filma a mulher transando e tem coragem de ir na televisão?"
Massa confirma que a produtora free-lancer Rosemeire Regina Ramalho presta serviços ao programa. "Nós pagamos para pessoas que trazem casos, mas verdadeiros", revela.
O apresentador também confirma o pagamento de cachês às pessoas que participam do programa. "Todo mundo recebe um cachê. É ordem do Silvio Santos", afirma.
Américo Ribeiro, diretor do núcleo de ação do programa, e Fábio Furiatti, supervisor-geral do "Programa do Ratinho", também negam ter conhecimento do esquema.
Furiatti reconhece a gravidade do assunto e alega que acreditava na "boa-fé" da produtora free-lancer. "Como o nosso programa é diário, não dá tempo de checar tudo. E as pessoas que ela (Regina) trazia me convenciam."
Ribeiro afirma que tem produtores free-lancers em vários bairros e cidades da Grande São Paulo. "Pago cachê para o produtor e não questiono a veracidade da história que ele apresenta. Eu nunca ensaiei com ninguém. Se tem alguma armação, isso ocorre fora da televisão, do SBT."
Ribeiro e Furiatti também negam que os participantes do programa sejam incentivados a brigar ou falar palavras chulas. "Nós torcemos para que as pessoas briguem, porque dá ibope, mas isso não é uma determinação", diz Furiatti.

Ajuda
A produtora Rosemeire Regina Ramalho nega que seja mentora dos falsos dramas exibidos pelo "Programa do Ratinho".
"Eu ajudo pessoas que estão com problemas", disse, mostrando fotos de um homem baleado.
Regina alega que não tinha conhecimento de que as histórias protagonizadas pelas pessoas que levou ao SBT eram falsas.
"Eu atendo muita gente. Não vou averiguar se o que falam é verdade. Eles (os "atores') agiram de má-fé", afirmou.
Regina confirma que faz filmagens. "Ele (Sebastião José de Oliveira) me procurou dizendo que estava sendo "chifrado' e pediu para filmarmos a mulher dele. Levamos as pessoas ao Ratinho para resolver os problemas delas."
Inicialmente, a produtora disse que filmava e levava pessoas ao SBT sem receber nada. Depois, disse que o assunto "não dizia respeito" à reportagem.
Produtores como Regina ganham até R$ 50 por pessoa que levam ao programa. Ela também disse que trabalha para Ratinho desde quando o apresentador estava na Record.
No programa exibido na última quarta-feira, Ratinho afirmou que desde aquele dia não usa mais serviços de produtores free-lancers. (DC)



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