São Paulo, domingo, 21 de abril de 2002

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Correr risco é outra opção

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Herdeiro de "No Limite", "Hipertensão" tem como matéria-prima as situações de risco físico ou de impacto psicológico. Resta saber até que ponto vai esse risco, para os participantes e para o público adolescente. "Todas as provas são testadas previamente por especialistas e dublês, mas, mesmo assim, algumas podem causar acidentes de pequena gravidade", diz o diretor-geral de "Hipertensão", Carlos Magalhães. Segundo o vencedor do primeiro episódio, Fábio Nascimento, 24, "a produção deixou muito claro, durante toda a gravação, que se desse algo errado a responsabilidade seria toda nossa". No primeiro programa, os participantes tiveram de saltar de um jet-ski a 60 km/h para um helicóptero, também em movimento. A prova final foi andar de um lado a outro de uma viga de oito metros, suspensa a 30 metros de altura. O programa "Curtindo uma Viagem", de Celso Portioli, do SBT, mostrou recentemente um quadro parecido, chamado "Operação Coragem", em que estudantes andam sobre um cabo a uma altura de mais de 30 metros. "Durante o programa, o apresentador alerta constantemente os telespectadores para que não tentem repetir as provas em casa", diz o diretor-geral de "Hipertensão".

Acidentes
A experiência norte-americana, no entanto, mostra que esse tipo de alerta não adianta muito. O programa "Jackass", da MTV -transmitido no Brasil pelo Multishow- já "inspirou" muitos acidentes envolvendo telespectadores.
Na atração, o apresentador Johnny Knoxville submete-se a situações no limite do perigo e da nojeira, tais como jogar-se na frente de um carro em movimento ou mergulhar em uma piscina de fezes.
Em janeiro de 2001, depois de assistir ao programa, um menino de 13 anos sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus ao jogar gasolina em suas próprias pernas e pedir para dois amigos acenderem fósforos, como fez Knoxville no ar. Poucos dias depois, um adolescente passou spray inseticida nas mãos e colocou fogo. Foi internado com queimaduras e disse que quis imitar "Jackass".
A experiência foi repetida por outras dezenas de adolescentes norte-americanos, que não notaram que Knoxville vestia uma roupa de amianto para realizar o truque e não deram ouvido ao alerta do apresentador: "Não tentem repetir isso em casa!". (CM)


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