São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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PERDIDOS NO ESPAÇO
Seriado perde humor no cinema


Longa-metragem baseado na série "Perdidos no Espaço" pode decepcionar fãs do Dr. Smith


ELAINE GUERINI
da Reportagem Local

A versão cinematográfica de "Perdidos no Espaço" corre o risco de decepcionar os fãs da lendária série de TV -principalmente aqueles que sempre se divertiram com a implicância do personagem Dr. Smith com o robô da família Robinson.
O longa-metragem -com estréia no Brasil marcada para 3 de julho- ignora o tom humorístico que caracterizou a segunda e a terceira temporada do seriado (produzido entre 1965 e 68).
Na pele do Dr. Smith no cinema, Gary Oldman encarna um vilão mais maquiavélico e soturno, inspirando-se no primeiro ano do seriado, quando a produção criada por Irwin Allen teve uma abordagem mais séria e sinistra.
Na sinopse original, o vilão deveria morrer no sexto episódio. Mas Allen gostou tanto da interpretação do ator Jonathan Harris que o papel foi ganhando destaque e, no segundo ano, passou a ser cômico.
"Se o filme não tiver os diálogos hilários entre o Dr. Smith e o robô, não vai ter graça. Essa era a alma do seriado", afirma o professor Marco Antônio Silva dos Santos, 39, que passou a infância assistindo a "Perdidos no Espaço".
Santos lembra que o próprio Harris, convidado pela produção do filme, se negou a participar fazendo outro papel. O ator alegou que não gostaria de contracenar com o personagem que ele eternizou.
"Na minha opinião, ele não deve ter gostado da escolha de Oldman. Esse ator sempre faz o vilão clássico, e Dr. Smith estava mais para anti-herói. No fundo ele gostava dos Robinson."
O funcionário público Elias de Lucena, 38, outro fã da série, já se conformou que não vai ver o Dr. Smith irônico e brincalhão nas telas. "Mas, como estou esperando por esse longa desde os anos 70, vejo o lançamento como um sonho que será realizado."
Fernanda Furquim, 30, editora da revista "TV Séries", prefere não opinar antes de ver o longa. "A princípio, sou a favor de qualquer filme que seja baseado em série pelo simples fato de que o lançamento no cinema garante a permanência do seriado na grade das emissoras."
O desenhista Jorge Françoso, 40, destaca a iniciativa dos produtores de "ressuscitar" membros do elenco original na adaptação. "Eles geralmente convidam atores da produção antiga, e os fãs acabam revendo seus ídolos."
Apesar da recusa de Jonathan Harris, o filme traz vários veteranos. Mark Goddard, que viveu o major Don West (agora Matt LeBlanc, de "Friends"), interpreta um general.
June Lockhart (Maureen) faz o papel de uma assistente de Mimi Rogers, que assumiu o seu personagem no cinema. Angela Cartwright (Penny) e Marta Kristen (Judy) fazem papéis pequenos -tendo sido substituídas no longa por Lacey Chabert (de "O Quinteto") e Heather Graham, respectivamente.
Guy Williams, o pai da família Robinson (agora William Hurt), morreu em 1989. Bill Mummy, que interpretou o garoto Will, foi o único que ficou fora -embora ele mesmo tenha se oferecido.
"Por um lado, é bom que o elenco original faça só ponta. Seria triste ver os nossos personagens favoritos envelhecidos", diz Sérgio Scaciotti, 40, administrador de empresas.



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