São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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"Quero atuar fora da dramaturgia"

RODRIGO RAINHO
DA REDAÇÃO

Desde 1999, ano de sua última novela na TV Globo, o que você tem feito?
A última novela foi "Suave Veneno". Não tenho feito teatro por total falta de vontade, e isso só funciona quando você está realmente a fim. Não tenho sentido vontade da rotina teatral e cada vez mais quero respeitar meus sentimentos.
Você está voltada para o cinema?
Tenho grande paixão pelo cinema. Gosto de participar da produção. Chego a brincar que fui mordida pela mosca azul do cinema. Fico muito em casa e estou sempre assistindo a algum filmezinho, isso me dá um prazer imenso.
Depois da filmagem de "Bens Confiscados" [de Carlos Reichenbach", quais são seus planos? Ainda persiste a vontade de atuar em novelas?
"Bens Confiscados" está em fase de captação, que é a parte mais dura para mim. O dia em que eu chegar no set de filmagem e rodar meu primeiro take, aí vai começar o meu real prazer. O trabalho em cinema é feito um quebra-cabeça que a atriz vai montando com entrega, concentração e paixão. Nada se compara a isso. Hoje posso dizer que não tenho interesse em fazer mais uma novela, mas como eu mudo sempre, também não posso fechar essa porta que me deu tantas coisas boas e sucessos. Seria ingrato da minha parte, depois de tantos personagens lindos que tive a sorte de fazer.
É verdade que você cogitou participar do programa "Casa dos Artistas"?
Nunca cogitei participar de "Casa dos Artistas", foi um grande boato que apareceu junto com a minha saída da TV Globo. Achei tão absurda a idéia que brinquei com isso, mas, convenhamos, não faz muito o meu perfil. Foi ridículo ver meu nome em algumas revistas como possível candidata, fiquei bem aborrecida, mas já passou.
Como a telespectadora Betty Faria analisa as telenovelas contemporâneas?
Adorei "O Clone"! Glória Perez foi de uma criatividade, inteligência e modernidade pouco vistas nos últimos anos. O elenco também esteve ótimo, foi gol de placa. Foi minha primeira novela como verdadeira telespectadora, a ponto de ficar chateada quando precisava sair de casa no horário das oito.
Em 2001, você não renovou seu contrato com a Globo. O fato de passar dois anos sem ser escalada para novelas pesou?
Não, simplesmente o meu contrato acabou. Nos últimos dois anos, manifestei vontade de apresentar programas, levei alguns projetos à emissora e não tive retorno. Quero muito fazer trabalhos fora da área de dramaturgia, mas, infelizmente, a TV Globo não teve espaço para mim na época. As pessoas nas ruas me cobram uma atuação diferente, querem saber minhas opiniões e não me ver apenas interpretando personagens. Quando saí da Globo, houve uma grande tristeza com sabor de despedida. Mas as mudanças, tenho certeza, são para crescimento, e para melhor. Isso não significa que sejam fáceis. Sofri muito!
Você guarda mágoa da Globo?
Gosto muito da emissora, foi lá que construí uma carreira de 30 anos de novelas, séries, musicais e especiais. Sempre fui muito respeitada.
Sua atuação em campanhas políticas tem sido frequente? Como será seu comportamento nas eleições deste ano?
Sempre optei pela liberdade. Como já tenho dificuldade de andar pelas ruas, a minha liberdade de opinião ninguém tira. Em 2000, a TV Globo apoiou o então candidato [Luiz Paulo] Conde no Rio. Fui a única atriz que defendeu César Maia, porque gosto dele. Neste ano, quero ouvir as propostas dos candidatos para descobrir quem vai apoiar o cinema brasileiro.
Como você está se sentindo após o nascimento da primeira neta?
Receber uma neta é uma imensa felicidade, emoção, sentimento de continuidade! Estou totalmente encantada e feliz.
Depois da trajetória na TV, iniciada como bailarina da TV Rio, em 1959, o que você ainda sonha para a sua vida?
Espero a cada dia ser uma pessoa melhor, ser feliz e fazer trabalhos que sirvam para alguma coisa, no sentido de comunicar valores humanos, paz, educação e cultura.


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