BRUNO GARCEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Como será o quadro que você apresentará no "Fantástico"?
Será semelhante ao "Retrato Falado", que eu fazia no "Zorra Total", com algumas modificações, e deve ser exibido entre março e abril. Os autores também serão os mesmos: Adriana Veríssimo, André Laurentino, Adriana Falcão e Paulo André. A idéia é mostrar pessoas reais contando suas histórias. Em cima disso é escrito o roteiro. Os casos são colhidos na rua, e eu os interpreto. Gostei do convite do "Fantástico" porque o quadro tem um quê de jornalístico.
Apesar de "Retrato Falado" contar com vários redatores, você dá um jeito de inserir cacos?
Quando me apresentam um bom texto, eu tento segui-lo. Acredito no ator como um repetidor. Procuro interpretar meu texto como se fosse único, como se fosse a primeira vez. Essa postura deve ter a ver com as 1.500 encenações que fiz de "Trair e Coçar, É Só Começar". Fiz um quadro com o Chico Anysio e fiquei besta. Ele quase não ensaia. Prefere o brilho da primeira encenação. Eu sou diferente. Acho que sem ensaio se ganha espontaneidade, mas se perde acabamento.
Além de "Retrato Falado", que outros projetos você pretende desenvolver na Globo?
Tenho vontade de fazer um programa que esteja ligado ao humor cotidiano, uma comédia de situações. Acho que é um bom momento para fazer sitcoms.
As sitcoms são muito populares nos EUA, mas por que você acha que as sitcoms brasileiras não tiveram o retorno de público esperado?
O público é sempre sábio. Talvez o problema seja o fato de não termos muitos redatores para esse gênero. As sitcoms dos EUA contam com equipes gigantescas. Eles chegam a ter vários redatores para criar as falas e as situações vividas por um único personagem.
No teatro e no cinema você já fez dramas, mas na TV é quase sempre chamada para papéis cômicos. Esse estigma incomoda?
O desagradável é quando já chegam com uma idéia pré-concebida. Quando você já entra em cena, as pessoas começam a rir e não se trata nem de uma situação cômica. "Retrato Falado", por exemplo, não tem o compromisso de ser engraçado, já que estou interpretando casos verdadeiros. Não há grilhões me atando à comédia. Acabei fazendo mais papéis cômicos, mas não tenho compromisso com a caricatura. Não quero que essa etiqueta grude em mim.
Você foi impedida de participar da minissérie "Luna Caliente" sem que a consultassem. Essa estrutura rígida da televisão a incomoda?
Esse foi um episódio muito marcante. Lamentei muito não ter feito "Luna Caliente. Jorge Furtado (diretor da minissérie) chegou a me ligar para oferecer um papel, mas, como na época eu estava fazendo "Vida ao Vivo Show", Daniel (Filho, diretor de criação da Globo) achou que minha cara ia ficar saturada na telinha. Conversei com ele e acabei convencendo-o, mas aí Jorge já havia convidado outra para o papel.