da Reportagem Local

A Globo vai inaugurar mais um canal. Apesar de todo falado em português, ele não poderá ser visto por quem está no Brasil.
A partir de junho, a TV Globo Internacional pode começar a ser vista 24 horas por dia nos Estados Unidos (Boston, Nova York e Miami), Japão, Europa (exceto Portugal) e América Latina.
"Serão três programações de oito horas para atingirmos todos os fusos horários das comunidades de brasileiros que moram no exterior", afirma Ricardo Scalamandré, 47, diretor de parceiras estratégicas da emissora.
No Japão, por exemplo, as novelas passarão depois do "Bom Dia Brasil" -"que é o "Jornal Nacional" local", explica Scalamandré.
O novo canal já está em fase de teste. O sinal -único para todas as localidades- já está sendo transmitido pela Globosat para as operadoras no exterior.
Cerca de 70% da programação da TV Globo Internacional -que vai operar pelo sistema de TV paga- será idêntica à exibida no Brasil no mesmo dia.
Os 30% restantes ficam por conta de programas do acervo da emissora. Além de dramaturgia, esportes, jornalismo, shows e humorísticos, a Globo News também terá sua parte: serão três horas diárias da programação do canal de notícias. Filmes e desenhos não serão exibidos.
"A programação será a mais próxima possível da Globo brasileira. Será um canal premium, que não fará parte da programação básica. Quem quiser poderá assiná-lo à parte."

Público potencial
O público que fala a língua portuguesa no exterior é estimado pela Globo em 5,5 milhões de pessoas: 2,2 milhões de brasileiros e 3,3 milhões de portugueses, sem contar a população do Brasil e de Portugal.
Scalamandré acredita que haverá 1,5 milhão de lares assinando a TV Globo Internacional.
A nova emissora da Globo pretende ainda atingir brasileiros em férias, com programações em hotéis e aviões. Esse público é estimado em 1,8 milhão de pessoas por ano.
No Japão, afirma ele, o sinal será retransmitido pela IPC (International Press Corporation), grupo que já retransmite o sinal da Globo para dekasseguis -brasileiros descendentes de japoneses que moram no Japão.
Lá, prioritariamente, o canal é transmitido pelo sistema DTH (TV paga com transmissão digital por miniparabólicas). "É curioso: como o dekassegui é muito nômade, está sempre procurando emprego, ele sempre leva a sua antena quando se muda", comenta o diretor.

Portugal
A TV Globo Internacional não vai para Portugal porque lá a emissora é sócia, com 15% das ações, da SCI (Sociedade Independente de Comunicação), privatizada há seis anos e líder no mercado.
Sendo assim, os programas globais também são exibidos lá. "Uma novela, falada em português do Brasil, é exibida lá sem dublagem e com apenas uma semana de atraso."
Além disso, a Globosat também retransmite programas da Globo no canal GNT português. Lá são exibidos "Casseta & Planeta, Urgente!", "Fantástico", "Domingão do Faustão", por exemplo.

Custos
O custo operacional do projeto é estimado em R$ 3,5 milhões/ano, divididos entre pessoal, equipamentos, transmissão. A receita estimada para os primeiros 12 meses é de R$ 2 milhões, vinda principalmente dos assinantes. "Acredito que a receita vinda de publicidade ainda deve levar uns dois anos para ficar forte", afirma.
Para ele, o equilíbrio financeiro da empresa, isto é, o lucro, deve acontecer já no final do ano 2000.
(ALINE SORDILI)

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