São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Dunas calientes
ANNA LEE da Sucursal do Rio ALEXANDRE MARON enviado especial ao Rio Juliano amava Lívia, que amava Antonio, que amava Rebeca, que também o amava, mas que se casou com Juliano. Encontros e desencontros que acabam levando à troca de casais. A trama central de "Meu Bem Querer", nova novela das sete da Globo, que estréia amanhã, é a mesma que muitos autores já contaram em livros e no cinema. Já foi também tema recorrente de novelas da emissora. Realismo fantástico, com direito a fantasma, história que se passa em uma pequena cidade ficcional do interior nordestino, que tem um padre, um delegado, um prefeito, empresários poderosos que mandam no lugar e uma fofoqueira de plantão que toma conta da vida dos moradores, todos, é claro, com sotaque bem característico. Isso já foi visto e revisto muitas vezes na Globo, mas no horário das 20h. "Meu Bem Querer" é diferente. É uma novela das sete com cara de das oito: tem uma fotografia bem cuidada, uma trilha sonora sofisticada, efeitos especiais Äno décimo capítulo, será mostrado um maremoto que inunda a cidade, no estilo do filme "Impacto Profundo"Ä e, principalmente, o investimento em cada capítulo, US$ 90 mil. Aí está o trunfo com o qual a emissora conta para manter-se no trilho dessa faixa de horário, de 35 a 45 pontos no Ibope, segundo Marluce Dias da Silva, superintendente-executiva da Globo. Cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores sintonizados na Grande São Paulo. "Estava na hora de fazer alterações no horário. Por isso resolvemos dar à trama um tratamento de novela das oito. A Globo está num momento de mudanças, "Meu Bem Querer' é um reflexo do movimento que está acontecendo", disse Marcos Paulo, diretor-geral da novela. Movimento que levou para o horário das 19h atores de primeiro time da emissora, ou seja, aqueles escalados quase sempre para as novela das oito. Fez também Ricardo Linhares -que está pela primeira vez assinando sozinho uma novela e é uma das promessas da emissora para ocupar o status de autor de novela das oito (veja texto nesta página)- apostar em uma história "mais adulta" do que as que normalmente são exibidas na Globo às 19h. "A espinha dorsal da história é um melodrama, ao redor está o humor, que será responsável por bons momentos da novela", disse Linhares. A história mostra o casal de adolescentes Antonio e Rebeca, namorados de infância que resolvem fugir para Fortaleza quando ele é aprovado no vestibular para medicina. O relacionamento dos dois não tem a aprovação do pai de Rebeca, o pastor Bilac, que quer vê-la casada com Juliano, seu filho adotivo, que, por sua vez, é apaixonado por Lívia, a outra filha do pastor. Lívia não corresponde ao amor de Juliano, é apaixonada por Antonio. Essa rede de relacionamentos se resolve quando Bilac descobre o plano de fuga do casal. Ele prende Rebeca em casa, e Lívia se aproveita para tomar o lugar da irmã. Ela seduz Antonio, eles têm uma noite de amor, e ela engravida. Antonio sente-se então obrigado a casar-se com Lívia. Rebeca, frustrada, aceita a imposição do pai e acaba casando-se com Juliano. A trama dá um salto de sete anos e mostra o que acontece quando Antonio e Lívia voltam à cidade de São Tomás de Trás, e os quatro jovens se reencontram. O nome da cidade fictícia onde se passa a novela tem uma origem curiosa. Seu nome original era São Tomás da Beira, por localizar-se na beira do mar. Mas, há 300 anos, foi destruída por um maremoto, após o padre Tomás, um de seus fundadores, ser morto, sem revelar o paradeiro de um tesouro escondido. Os sobreviventes do maremoto decidiram construir uma nova cidade, desta vez atrás das dunas da região para protegê-la de novos cataclismos. Daí o nome de São Tomás de Trás. Como em todas as tramas anteriores de que Linhares foi co-autor, a cidade acaba sendo um personagem a mais. "Todas têm as mesmas características, os arquétipos se repetem, mas as histórias são sempre diferentes." É a promessa do autor. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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