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Assistencialismo é outro atrativo
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da "tietagem", problemas financeiros e de saúde movem um sem-número de pessoas até a porta do SBT (e, certamente, de outras emissoras).
Um rapaz diz não transpirar e afirma
necessitar da ajuda de Gugu para viver; a
dona-de-casa perdeu o 13º salário do
marido no bingo e pretende recuperar o
dinheiro através da TV; um ex-presidiário acredita que conseguirá no canal o
emprego negado em outros lugares.
Em comum, todos têm a esperança de
um auxílio quase milagroso, alimentada
pelo caráter "assistencialista" de parte da
programação.
Excepcional, pelo rocambolesco, é o
relato de Lenice Tavarez Batista, 39. Ela
deixou o marido doente em Feira de Santana (BA) e enfrentou 28 horas de viagem de ônibus. O valor da passagem (R$
108), conseguiu em uma "vaquinha" feita por vizinhos. Para se manter em São
Paulo, arrecadou mais um pouco entre
os passageiros, durante a viagem.
Sem ter onde ficar, Lenice disse ter
contado com a solidariedade de uma
companheira de ônibus, até então uma
estranha, para obter hospedagem. Ainda
assim, afirmou ter passado uma noite na
estação Barra Funda do metrô, após perder o horário de funcionamento dos
trens depois de uma visita à Record.
"Meu marido era motorista, mas tem
glaucoma, deixou de enxergar direito e
não sai mais da cama. Não conseguimos
concluir a reforma da nossa casa, e o moço da loja de material de construção já
ameaçou a gente por causa da dívida",
contou ela, que vende caldo-de-cana.
Além das roupas, Lenice trouxe de Feira de Santana uma lista com telefones e
endereços das emissoras Record, Bandeirantes, Rede TV! e, claro, SBT.
"Eu só volto quando conseguir o que
vim buscar. Alguém aqui tem de resolver
meu problema", disse Lenice.
(RD)
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