São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2001

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Assistencialismo é outro atrativo

DA REPORTAGEM LOCAL

Além da "tietagem", problemas financeiros e de saúde movem um sem-número de pessoas até a porta do SBT (e, certamente, de outras emissoras).
Um rapaz diz não transpirar e afirma necessitar da ajuda de Gugu para viver; a dona-de-casa perdeu o 13º salário do marido no bingo e pretende recuperar o dinheiro através da TV; um ex-presidiário acredita que conseguirá no canal o emprego negado em outros lugares.
Em comum, todos têm a esperança de um auxílio quase milagroso, alimentada pelo caráter "assistencialista" de parte da programação.
Excepcional, pelo rocambolesco, é o relato de Lenice Tavarez Batista, 39. Ela deixou o marido doente em Feira de Santana (BA) e enfrentou 28 horas de viagem de ônibus. O valor da passagem (R$ 108), conseguiu em uma "vaquinha" feita por vizinhos. Para se manter em São Paulo, arrecadou mais um pouco entre os passageiros, durante a viagem.
Sem ter onde ficar, Lenice disse ter contado com a solidariedade de uma companheira de ônibus, até então uma estranha, para obter hospedagem. Ainda assim, afirmou ter passado uma noite na estação Barra Funda do metrô, após perder o horário de funcionamento dos trens depois de uma visita à Record.
"Meu marido era motorista, mas tem glaucoma, deixou de enxergar direito e não sai mais da cama. Não conseguimos concluir a reforma da nossa casa, e o moço da loja de material de construção já ameaçou a gente por causa da dívida", contou ela, que vende caldo-de-cana.
Além das roupas, Lenice trouxe de Feira de Santana uma lista com telefones e endereços das emissoras Record, Bandeirantes, Rede TV! e, claro, SBT.
"Eu só volto quando conseguir o que vim buscar. Alguém aqui tem de resolver meu problema", disse Lenice. (RD)



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