São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2002

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VOLTA POR CIMA

Três meses depois da polêmica, Soninha já até recusa convite

DA SUCURSAL DO RIO

Três meses depois de ser demitida da TV Cultura, onde apresentava o programa "RG", a jornalista Sonia Francine, a Soninha, 34, diz que não se arrepende de ter declarado publicamente ser uma consumidora eventual de maconha em entrevista à revista "Época".
Mesmo após a polêmica, Soninha manteve seu posto no canal ESPN -onde trabalha desde 99, paralelamente à MTV- e foi convidada para apresentar um programa sobre esportes na Record. "Não aceitei porque lá não teria a mesma liberdade que no ESPN; sei que é difícil manter-se íntegra nos canais comerciais, onde o ibope é quem manda", diz.
Atualmente, Soninha apresenta o programa diário "Sportscenter ao Meio-Dia" e o mensal "Social Clube", sobre projetos sociais ligados à prática de esportes. Além disso, foi contratada como comentarista esportiva na rádio CBN e escreve às quintas-feiras no caderno de esportes da Folha.
"Achei fácil a adaptação porque sou muito ouvinte de rádio, era uma linguagem que já existia dentro de mim", diz ela. Soninha acha que o fato de não ter feito curso de locução radiofônica até ajuda. "Não caio naquela entonação padrão dos radialistas, consigo ser natural e ficar mais próxima do público."
Na sua opinião, "a TV deveria tratar as drogas de uma forma mais informativa, com menos tom de campanha". Soninha acredita que essa mudança já vem ocorrendo e aponta como exemplo a ser seguido a novela "O Clone", da TV Globo, em que a personagem Mel (Débora Falabella) envolve-se com drogas e passa a receber ajuda para deixar o vício. "A trama vira um pretexto para que as pessoas conversem sobre o problema, mas as emissoras ainda têm medo disso ser visto como apologia à droga."
Ela, no entanto, não parece guardar mágoa da TV Cultura, onde diz que teve toda a liberdade para criar um programa que tivesse o seu perfil, o "RG". "Queria um espaço onde pudesse debater comportamento, esporte, arte e política sem tabus", diz. Coincidência ou não, foi um tabu que motivou sua demissão da emissora: as drogas. "Eles disseram que minha imagem ficou incompatível com a da TV Cultura."
Soninha e os outros entrevistados da reportagem sobre a maconha foram recentemente indiciados pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes de Mato Grosso, por apologia às drogas, e devem se apresentar à Polícia Federal em São Paulo. O processo aberto pelo Ministério Público paulista contra eles pelo mesmo motivo, entretanto, foi arquivado. Soninha está consultando advogados para decidir o que fazer. Apesar dos aborrecimentos, ela afirma também não guardar mágoa da revista. "Foi válido, o debate tem de existir." (CARLA MENEGHINI)


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