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VOLTA POR CIMA
Três meses depois da polêmica, Soninha já até recusa convite
DA SUCURSAL DO RIO
Três meses depois de ser demitida da
TV Cultura, onde apresentava o programa "RG", a jornalista Sonia Francine, a
Soninha, 34, diz que não se arrepende de
ter declarado publicamente ser uma consumidora eventual de maconha em entrevista à revista "Época".
Mesmo após a polêmica, Soninha
manteve seu posto no canal ESPN -onde trabalha desde 99, paralelamente à
MTV- e foi convidada para apresentar
um programa sobre esportes na Record.
"Não aceitei porque lá não teria a mesma
liberdade que no ESPN; sei que é difícil
manter-se íntegra nos canais comerciais,
onde o ibope é quem manda", diz.
Atualmente, Soninha apresenta o programa diário "Sportscenter ao Meio-Dia" e o mensal "Social Clube", sobre
projetos sociais ligados à prática de esportes. Além disso, foi contratada como
comentarista esportiva na rádio CBN e
escreve às quintas-feiras no caderno de
esportes da Folha.
"Achei fácil a adaptação porque sou
muito ouvinte de rádio, era uma linguagem que já existia dentro de mim", diz
ela. Soninha acha que o fato de não ter
feito curso de locução radiofônica até
ajuda. "Não caio naquela entonação padrão dos radialistas, consigo ser natural e
ficar mais próxima do público."
Na sua opinião, "a TV deveria tratar as
drogas de uma forma mais informativa,
com menos tom de campanha". Soninha
acredita que essa mudança já vem ocorrendo e aponta como exemplo a ser seguido a novela "O Clone", da TV Globo,
em que a personagem Mel (Débora Falabella) envolve-se com drogas e passa a
receber ajuda para deixar o vício. "A trama vira um pretexto para que as pessoas
conversem sobre o problema, mas as
emissoras ainda têm medo disso ser visto como apologia à droga."
Ela, no entanto, não parece guardar
mágoa da TV Cultura, onde diz que teve
toda a liberdade para criar um programa
que tivesse o seu perfil, o "RG". "Queria
um espaço onde pudesse debater comportamento, esporte, arte e política sem
tabus", diz. Coincidência ou não, foi um
tabu que motivou sua demissão da emissora: as drogas. "Eles disseram que minha imagem ficou incompatível com a
da TV Cultura."
Soninha e os outros entrevistados da
reportagem sobre a maconha foram recentemente indiciados pela Delegacia de
Repressão a Entorpecentes de Mato
Grosso, por apologia às drogas, e devem
se apresentar à Polícia Federal em São
Paulo. O processo aberto pelo Ministério
Público paulista contra eles pelo mesmo
motivo, entretanto, foi arquivado. Soninha está consultando advogados para
decidir o que fazer. Apesar dos aborrecimentos, ela afirma também não guardar
mágoa da revista. "Foi válido, o debate
tem de existir." (CARLA MENEGHINI)
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