RODRIGO RAINHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A PRIMEIRA adaptação póstuma para TV de uma obra de Jorge Amado (1912-2001) será exibida pela Globo a partir desta terça-feira, às 22h35. A microssérie "Pastores da Noite" mostra boêmios solidários e mulherengos da Bahia da década de 60.
"Atores dão vida aos "pastores" de forma saborosa, dá vontade de sentar em uma mesa de bar com eles", diz o diretor Maurício Farias, 42. "Passam noites na farra de maneira brilhante", afirma. "Tudo é muito instigante. A coxia é gostosa", diz Eduardo Moscovis, 34.
Os protagonistas são interpretados por Moscovis (Cabo Martim), Matheus Nachtergaele (Curió), Luiz Carlos Vasconcelos (Pé de Vento), Tonico Pereira (Jesuíno) e o novato Lázaro Ramos (Massu). Fernanda Montenegro faz o papel da cafetina Tibéria.
"Jesuíno exerce liderança intelectual sobre os amigos, muito malandros e conservados na cachaça", diz Tonico Pereira, 54. "Jorge Amado mostra bem a solidariedade dos marginais, que ocorre no morro carioca e em outros lugares."
"Massu tem bondade e inocência, é um exemplo da tolerância desse universo de Jorge Amado", diz Lázaro Ramos, 24, que faz seu primeiro trabalho em TV depois de brilhar no filme "Madame Satã".
A microssérie tem quatro episódios sem continuidade, exibidos só às terças. "O Casamento do Cabo Martim", o primeiro, mostra a surpresa dos "pastores" diante da união do mulherengo Cabo Martim com Marialva (Camila Pitanga).
"As histórias são metáforas da aceitação das diferenças, com o humor e a sexualidade espontânea da Bahia", diz Nachtergaele, 33.
Luiz Carlos Vasconcelos, 48, que define seu personagem como um contador de histórias com um lado delicado e amoroso, concorda. "Há algo positivo em torno dos personagens. Podem ser mentirosos ou enganadores, mas têm boas intenções. "Pastores" faz um retrato muito bonito da diversidade do povo brasileiro", diz ele."