São Paulo, Domingo, 30 de Maio de 1999
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TV PAGA
Rede de notícias exibe em julho documentário sobre conflito que dividiu o mundo em dois blocos
CNN reconstitui a Guerra Fria

MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha

Ambição e dinheiro parece não faltar à CNN. A soma desses dois ingredientes possibilitou a produção de "Guerra Fria", documentário em 24 capítulos que a rede de TV norte-americana leva ao ar em seu canal internacional a partir de 4 de julho.
A história do conflito ideológico e militar que dividiu o mundo em dois blocos é reconstituída a partir de depoimentos de mais de 500 pessoas -de George Bush e Mikhail Gorbatchev a anônimos que tiveram suas vidas pautadas pela disputa geopolítica entre EUA e URSS.
Cada capítulo, de cerca de 45 minutos de duração, apresenta uma peça do quebra-cabeças da Guerra Fria, como o muro de Berlim (construção e queda), o avanço -e a derrocada- do comunismo nos países do Leste Europeu, as guerras na Coréia, no Vietnã e no Afeganistão e a crise dos mísseis em Cuba.
Poucos cantos do mundo escaparam ao jogo de interesses da Guerra Fria. As gravações da série foram feitas em 31 países e levaram cerca de três anos.
O documentário mergulha nos bastidores da diplomacia mundial. Traz entrevistas com chefes de Estado ainda na ativa, como o cubano Fidel Castro e o tcheco Vaclav Havel. E as complementa com depoimentos de secretários de Estado e funcionários do segundo escalão que acompanharam os grandes líderes em momentos decisivos da história do século 20.

Imagens raras
A pesquisa de imagens é um dos pontos altos do documentário. Pesquisadores e historiadores reuniram cerca de 1.500 horas de filme.
Poucas vezes se viu com detalhes na TV, por exemplo, os encontros de Joseph Stálin, Winston Churchill e Franklin Roosevelt (depois Truman) nas conferências de Ialta e de Potsdam, em 1945 -quando se delinearam os contornos do mundo do pós-Segunda Guerra.
Também não faltaram as imagens mais famosas -como a do então vigoroso e prestigiado Boris Ieltsin discursando sobre um tanque de guerra na praça Vermelha, em Moscou (1991), ou a execução de Ceaucescu, na Romênia.
O projeto de "Guerra Fria" surgiu em 1994, quando o milionário proprietário da CNN, Ted Turner, convidou o britânico Jeremy Isaacs para dirigir o documentário. Isaacs já produziu filmes para a BBC e é um dos fundadores do Channel Four inglês. Também assina a premiada série "O Mundo em Guerra".
A narração é feita pelo ator e diretor irlandês Kenneth Branagh. O documentário já foi exibido nos EUA no ano passado. A partir de julho, irá ao ar na CNN International e na CNN em espanhol aos domingos (com reprise às quartas). Na CNN em espanhol, o áudio será em castelhano.
"Guerra Fria" é definido pela CNN como sua "mais importante produção em 19 anos de história". A emissora, que gaba-se de ter sido a primeira a operar uma rede mundial de notícias "around the clock" (24 horas), mostra estar investindo de forma competente em grandes documentários.
Para o segundo semestre, lança a série "Millenium", com dez episódios, um sobre cada século do último milênio.


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