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TV NO MUNDO
Para criadores de seriados policiais da TV, seus programas não exercem más influências
Produtores de séries debatem ética
das agências internacionais
Há duas semanas, um
debate no Museu da Televisão e do Rádio de Nova
York reuniu quatro roteiristas e produtores de alguns dos principais seriados atualmente em exibição pela TV norte-americana.
O tema era "Ética em
Episódios" e, enquanto os
convidados discutiam a influência do ambiente político, social e moral sobre
seu trabalho, uma audiência na sede do museu em
Los Angeles assistia a tudo
por meio de um telão.
Dick Wolf, o criador de
"Lei e Ordem" (exibido
no Brasil pelo canal USA),
foi questionado sobre
quais seriam os assuntos
mais espinhosos abordados nos episódios de seu
seriado. A resposta veio rápida: "Suicídio de adolescentes", disse.
"Acho que é realmente
problemático dizer que a
culpa das elevadas estatísticas desse tipo de crime é
daquilo que aparece nos
seriados de TV, mas considero também um perigo
abordar o tema suicídio
por causa dessa idéia disseminada entre os jovens de
que é OK reproduzir tudo
o que se vê na TV. Para
eles, quase tudo que passa
na televisão é muito
atraente, dá vontade de fazer igual", explicou Wolf.
Para o produtor de "Homicide: Life on the
Street", Tom Fontana, da
rede NBC, a influência dos
pais é superior a isso tudo.
"É bom que eles acompanhem o que os filhos vêem
e, se acharem que é o caso,
conversem com as crianças para evitar más influências", afirmou.
Fontana revelou também
que dois episódios de seu
programa não foram exibidos por causa dos acontecimentos na escola Columbine, do Colorado, onde dois estudantes provocaram um massacre de
mais de dez outros. "O
que mais me frustra é que,
quando nossos episódios
foram adiados, os telejornais ficaram no ar falando
ininterruptamente a respeito do tiroteio na escola
sem nenhum tipo de pressão da direção da emissora. Eles puderam explorar
a tragédia, e nós é que fomos considerados os vilões
dessa história toda. Nós é
que somos acusados de
causar essas tais más influências."
Outro debatedor, Steven
Bochco, produtor executivo de "Nova York contra
o Crime" (exibido aqui no
Brasil pela Rede Record e
pelo canal Fox), defendeu
o conteúdo dos seriados
policiais. "Acho que a
abordagem dos temas mudou significativamente nos
últimos tempos. Nós amadurecemos, somos muito
mais responsáveis", disse.
Mas não são só cenas de
violência que geram problemas. David E. Kelly
(criador de "Chicago Hope" e "Ally McBeal", entre outros) revelou que foi
incapaz de usar um coloquialismo para sexo oral
em um episódio recente do
drama "O Desafio", na
mesma época do escândalo da Casa Branca envolvendo a estagiária Monica
Lewinsky e o presidente
Bill Clinton. O "ambiente
moral" estava carregado e
o momento exigia seriedade.
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