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CONFLITO NA TELA
Adrenalina motiva jornalista na guerra
Para profissionais
da TV, estar presente em acontecimentos
históricos justifica
o risco de vida
CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL
SANGUE FRIO e muita ousadia
compõem a receita para repórteres e
cinegrafistas de TV que se aventuram
por um país em conflito -o que pode
voltar a ocorrer caso os EUA decidam
atacar o Afeganistão, desencadeando
uma guerra. Para quem já trabalhou
num campo de batalha, a adrenalina e a
emoção de estar "presenciando a história" parecem compensar os riscos.
"Gosto dessas coberturas, têm adrenalina. Claro que o medo sempre está lá,
mas faz parte. Sem ele, um câmera se arrisca demais, e aí é morte na certa", diz o
cinegrafista Sérgio Gilz, que cobriu guerras no Kuait, Líbano e em Sarajevo, entre
outras. "E os câmeras são os que mais
correm perigo, pois estão sempre na
frente e são mais visados, já que captam
imagens muitas vezes proibidas. Em Sarajevo, os guerrilheiros chegavam a pagar US$ 500 por um cinegrafista morto."
Imagens indesejadas -pelo menos
para as partes em guerra- costumam
ser o elemento que acentua o perigo para
as equipes de TV. "No Afeganistão, andávamos com as fitas gravadas amarradas na cintura, com medo de perdê-las",
conta Ana Paula Padrão, da Globo, que
também esteve em Kosovo.
Além do constante risco de vida, outros fatores, como falta de comida, energia elétrica, e, muitas vezes, a impossibilidade de descanso contribuem para o
estresse nesse tipo de cobertura. "Na
guerra do Golfo, cheguei a ficar quatro
dias sem dormir. De tão cansado, entrei
no ar, por telefone, no "Jornal da Globo" e
não me concentrava. Repetia a mesma
coisa sem parar, não lembrava o nome
de um ministro e ficava dizendo: "Espera
aí que eu vou me lembrar". E isso ao vivo", conta o repórter Carlos Dorneles.
Há também a dificuldade de se conseguir notícias. "Sempre há um cerceamento", diz Luiz Carlos Azenha, que cobriu a invasão americana no Panamá,
nos anos 80, para a TV Manchete. Mas
ser brasileiro pode ajudar. "As pessoas
simpatizam com a gente, falam de futebol, nos consideram neutros. Aí fica
mais fácil conseguir informação", diz o
repórter Ernesto Paglia, que esteve no
conflito entre Irã e Iraque.
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