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Festival de Inverno faz 30 anos e
erudito perde espaço para a MPB
KARINA OGO
da Folha Vale
O Festival de Inverno de Campos
do Jordão deste ano comemora 30
anos de história em processo de
descaracterização de seus objetivos oficiais. A música erudita perde cada vez mais espaço para a
MPB.
O decreto estadual 18.436, publicado em fevereiro de 82, afirma
que o festival "terá como objetivo
básico o desenvolvimento de atividades ligadas à musica erudita",
entre outros pontos, inclusive a
obrigatoriedade de o evento ser
realizado em Campos do Jordão e
em julho.
Segundo Arakaki Masakazu, 74,
diretor do Palácio Boa Vista -local em que o festival ocorreu em
suas primeiras edições- entre 69
e 94, o evento perdeu sua característica inicial. Ele participou diretamente da organização e da promoção do festival até 84.
De acordo com Masakazu, a
maior diferença percebida no decorrer dos anos foi a diversificação
dos estilos de música. Apesar de
reconhecer a sua importância, a
apresentação de cantores como
Gilberto Gil, uma das principais
atrações do evento neste ano, fugiriam do propósito do festival.
"Isso significa que as manifestações que não são eruditas contrariam a lei", disse o ex-diretor do
Palácio Boa Vista, casa de inverno
dos governadores de São Paulo.
O número de representantes da
MPB tem aumentado nos últimos
anos. Além de Gil, que se apresenta
no dia 23, outros nomes da MPB
incluídos na programação deste
ano são os de Cris Delanno, Mônica Salmaso e Rosa Passos.
Em 98, estiveram no festival Antonio Nóbrega e Arrigo Barnabé.
O advogado Pedro Paulo Filho,
61, autor de seis livros sobre Campos, também acompanhou os primeiros anos do evento.
"Houve uma mudança grande no
decorrer dos anos. A diversidade
de pensamento dos secretários da
Cultura também levam a isso. Na
tentativa de dar maior dinâmica, o
evento acaba perdendo a tradição", afirmou Paulo Filho.
Neste ano, um dos enfoques do
festival será a música popular, devido aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, comemorado em
2000.
"As duas vertentes, favorável ou
desfavorável às características do
evento, sempre vão existir. Todos
têm seus argumentos", disse o
coordenador artístico do festival, o
oboísta e integrante da Orquestra
Sinfônica do Estado de São Paulo,
Arcadio Minczuk.
Economia
A falta de artistas conhecidos internacionalmente e o número de
bolsistas neste festival são apontados como consequências da crise
econômica. A Telesp Celular, patrocinadora do evento, está investindo R$ 1,8 milhão no festival.
Entre as atrações estrangeiras
presentes no ano passado em
Campos do Jordão, estiveram a soprano norte-americana Kathleen
Battle, a pianista espanhola Alicia
de Larrocha e o violinista russo Boris Belkin.
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