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FIM DE ANO
Prefeituras alegam falta de dinheiro para as comemorações, que não acontecerão pela primeira vez na região
Cidade do litoral fica sem festa de réveillon
ELIANE MENDONÇA
DA FOLHA VALE
As três cidades do litoral norte
de São Paulo onde os prefeitos
não foram reeleitos em outubro
-Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba- não terão, pela primeira
vez, as tradicionais comemorações de réveillon este ano.
O motivo, segundo as prefeituras, é a Lei de Responsabilidade
Fiscal, que proíbe que os atuais
prefeitos deixem dívidas para a
próxima administração. Nas três
prefeituras, a alegação é que não
há dinheiro para os eventos.
Os comerciantes das cidades temem que a medida atrapalhe o
movimento de turistas na virada
do ano.
A expectativa do comércio é que
os quatro municípios recebam a
visita de cerca de 800 mil turistas
no réveillon.
No ano passado, no entanto, as
chuvas fizeram com que apenas
cerca de 180 mil turistas visitassem as cidades, quando a expectativa era de um milhão.
Em São Sebastião, o prefeito
João Siqueira (PSB) já afirmou
que não viabilizará recursos financeiros para o réveillon -decoração de ruas, shows pirotécnicos e musicais e queima de fogos.
Segundo ele, a prefeitura não tem
dinheiro para a realização da comemoração.
O assessor jurídico da Associação Comercial de São Sebastião,
José Alexandre Lourenço, disse
que os comerciantes se surpreenderam com a notícia. "Essa é a
primeira vez que isso acontece.
Vamos agora tentar uma alternativa junto ao comércio", disse.
A ACI vai reunir os comerciantes esta semana para propor um
rateio para a realização do show
pirotécnico e da queima de fogos.
A secretária de Turismo de São
Sebastião, Célia Pinto, foi procurada ontem para comentar a decisão da prefeitura sobre o réveillon, mas não foi localizada.
Em Ilhabela, o secretário de Turismo, Carlos Alberto Castello
Branco Naufal, culpou o governo
do Estado pela falta de verbas.
Segundo ele, Ilhabela depende
de um repasse do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), órgão vinculado à Secretaria de Estado de
Esportes e Turismo, que estava
prevista no Orçamento.
"Solicitei ao governo R$ 50 mil,
que seriam empregados na decoração da cidade, contratação de
duas escunas para o evento da "escuna elétrica" e queima de fogos.
Mas até agora não recebi nada",
disse o secretário à Folha.
Naufal disse ainda que, estando
no final do governo e diante da Lei
de Responsabilidade Fiscal, a prefeitura está de braços "amarrados", sem saber o que fazer.
O secretário disse que vai discutir o problema com os comerciantes do município.
Em Ubatuba, a única informação da assessoria de imprensa da
prefeitura é de que não haverá comemoração na cidade.
A presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo) de
Ubatuba, Maria Regina dos Santos, não foi encontrada e não retornou as ligações para comentar
o assunto.
Alguns comerciantes entrevistados pela Folha afirmaram temer que o movimento seja menor
devido à falta da comemoração e
que estão dispostos a se organizarem para a realização, pelo menos, da queima de fogos.
"Aqui em Maresias, a Associação de Hotéis e Pousadas já está se
mobilizando para a arrecadação
de verba para a realização da
queima de fogos. Esse é o tipo de
coisa que o turista espera, então
vale a pena fazer algo", disse o gerente do hotel Delta Maresias, em
São Sebastião, Flávio Luiz Franco
Garcia.
Para o gerente do restaurante
Cheiro Verde, Korey Alvarez, que
espera um movimento de turistas
melhor que no ano passado, a
queima de fogos é imprescindível
para alavancar o movimento no
seu estabelecimento.
"Já fomos procurados e concordamos com o rateio. Não dá para
ficar sem nenhuma comemoração", disse o comerciante.
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