São José dos Campos, Terça-feira, 05 de Dezembro de 2000

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FIM DE ANO
Prefeituras alegam falta de dinheiro para as comemorações, que não acontecerão pela primeira vez na região
Cidade do litoral fica sem festa de réveillon

ELIANE MENDONÇA
DA FOLHA VALE

As três cidades do litoral norte de São Paulo onde os prefeitos não foram reeleitos em outubro -Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba- não terão, pela primeira vez, as tradicionais comemorações de réveillon este ano.
O motivo, segundo as prefeituras, é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe que os atuais prefeitos deixem dívidas para a próxima administração. Nas três prefeituras, a alegação é que não há dinheiro para os eventos.
Os comerciantes das cidades temem que a medida atrapalhe o movimento de turistas na virada do ano.
A expectativa do comércio é que os quatro municípios recebam a visita de cerca de 800 mil turistas no réveillon.
No ano passado, no entanto, as chuvas fizeram com que apenas cerca de 180 mil turistas visitassem as cidades, quando a expectativa era de um milhão.
Em São Sebastião, o prefeito João Siqueira (PSB) já afirmou que não viabilizará recursos financeiros para o réveillon -decoração de ruas, shows pirotécnicos e musicais e queima de fogos. Segundo ele, a prefeitura não tem dinheiro para a realização da comemoração.
O assessor jurídico da Associação Comercial de São Sebastião, José Alexandre Lourenço, disse que os comerciantes se surpreenderam com a notícia. "Essa é a primeira vez que isso acontece. Vamos agora tentar uma alternativa junto ao comércio", disse.
A ACI vai reunir os comerciantes esta semana para propor um rateio para a realização do show pirotécnico e da queima de fogos.
A secretária de Turismo de São Sebastião, Célia Pinto, foi procurada ontem para comentar a decisão da prefeitura sobre o réveillon, mas não foi localizada.
Em Ilhabela, o secretário de Turismo, Carlos Alberto Castello Branco Naufal, culpou o governo do Estado pela falta de verbas.
Segundo ele, Ilhabela depende de um repasse do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Esportes e Turismo, que estava prevista no Orçamento.
"Solicitei ao governo R$ 50 mil, que seriam empregados na decoração da cidade, contratação de duas escunas para o evento da "escuna elétrica" e queima de fogos. Mas até agora não recebi nada", disse o secretário à Folha.
Naufal disse ainda que, estando no final do governo e diante da Lei de Responsabilidade Fiscal, a prefeitura está de braços "amarrados", sem saber o que fazer.
O secretário disse que vai discutir o problema com os comerciantes do município.
Em Ubatuba, a única informação da assessoria de imprensa da prefeitura é de que não haverá comemoração na cidade.
A presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo) de Ubatuba, Maria Regina dos Santos, não foi encontrada e não retornou as ligações para comentar o assunto.
Alguns comerciantes entrevistados pela Folha afirmaram temer que o movimento seja menor devido à falta da comemoração e que estão dispostos a se organizarem para a realização, pelo menos, da queima de fogos.
"Aqui em Maresias, a Associação de Hotéis e Pousadas já está se mobilizando para a arrecadação de verba para a realização da queima de fogos. Esse é o tipo de coisa que o turista espera, então vale a pena fazer algo", disse o gerente do hotel Delta Maresias, em São Sebastião, Flávio Luiz Franco Garcia.
Para o gerente do restaurante Cheiro Verde, Korey Alvarez, que espera um movimento de turistas melhor que no ano passado, a queima de fogos é imprescindível para alavancar o movimento no seu estabelecimento.
"Já fomos procurados e concordamos com o rateio. Não dá para ficar sem nenhuma comemoração", disse o comerciante.


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