São José dos Campos, Sábado, 10 de Fevereiro de 2001

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SOB SUSPEITA
Vice-presidente da ACI pede demissão, afirmando haver irregularidades; Sebrae fará auditoria no órgão
Denúncia "racha" Polovale em São José

Domingos G. Pontes - 14.jul.2000/Folha Imagem
O vice-presidente da ACI, Cristóvão Cursino, que fez denúncia contra a Polovale à Promotoria


ELIANE MENDONÇA
DA FOLHA VALE

O vice-presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José e curador da Fundação Polovale, Cristóvão Cursino, encaminhou anteontem uma representação ao Ministério Público apontando irregularidades na diretoria executiva da entidade.
A denúncia motivou o pedido de demissão do próprio Cursino, do diretor tesoureiro, Jair Capatti Júnior, e o rompimento da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) com a fundação.
O Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) anunciou que irá deslocar um grupo do departamento financeiro do órgão para realizar uma auditoria na fundação.
No documento, Cursino afirma que a medida foi tomada após a constatação "de uma administração perigosa e de pouco trato com o dinheiro da instituição".
Como exemplo das supostas irregularidades, ele citou gastos particulares pagos pela instituição, empréstimo ilegal de R$ 24 mil feito à ACI, ferindo o estatuto, irregularidades em reunião do conselho curador e um contrato de convênio entre a ACI e a Polovale, que previa repasses mensais de R$ 4.000 para prestação de serviço de assessoria de comunicação, que também contraria o estatuto. O orçamento da fundação em 2000 foi de R$ 555,4 mil.
A Polovale é uma fundação de direito privado e sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover o aumento da competitividade do setor industrial, principalmente o de base tecnológica.
A fundação possui duas incubadoras -uma na Univap, com sete empresas, e outra na Revap (Refinaria Henrique Lage), com oito.
Apesar de ser uma fundação de direito privado, a Polovale recebe dinheiro da prefeitura desde a sua fundação, há nove anos.
O secretário do Desenvolvimento Econômico, Ramon de Castro Touron, não soube informar o valor que foi repassado para a fundação no ano passado.
Segundo Cursino, quando a atual gestão assumiu, em março de 2000, encontrou cerca de R$ 1 milhão em caixa. Após nove meses, só havia cerca de R$ 300 mil.
"Os gastos mensais, que no primeiro trimestre do ano eram de, em média, R$ 38 mil, chegaram a R$ 105 mil no último semestre", disse. "Tem alguma coisa errada, porque a Polovale é administrada por empresários, que sabem fazer contas", declarou Cursino.
O presidente da Polovale, José Eduardo Jendiroba, disse ontem à Folha ter ficado "surpreso" com a atitude de Cursino. "O orçamento referente às atividades de 2000 foi aprovado por unanimidade pelo conselho curador", afirmou.
O diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Felipe Cury, informou que estava se inteirando dos fatos para decidir sobre a sua permanência na fundação.
"Se as irregularidades forem confirmadas, eu me retiro da fundação, porque não posso colocar em risco a reputação da entidade que represento", declarou.


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