São José dos Campos, Quarta, 10 de março de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLIMA
Levantamento do Inpe mostra que dobrou o número de registros em São José em comparação com a média
Incidência de raios é a maior desde 96

free-lance para a Folha Vale

A incidência de raios no mês de fevereiro na cidade de São José dos Campos dobrou este ano em relação à média do mesmo período registrada desde 96, quando o fenômeno começou a ser pesquisado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Foram captados cerca de 4.000 raios na cidade no último mês. De 1996 a 1998, a média era de 2.000.
Historicamente, fevereiro é o mês com a maior incidência de raios na região. No mês de março, segundo o Inpe, o número cai.
Os pesquisadores do instituto trabalham com duas possibilidades para o crescimento do número de raios em fevereiro.
A primeira é o fenômeno climático conhecido como La Niña -resultado da queda da temperatura das águas da superfície do oceano Pacífico, ao longo da linha do Equador, entre o Peru e a Indonésia. Outro fator é a variação climática registrada.
"Começamos a medir a incidência de raios há apenas três anos. Por isso, não podemos afirmar que o crescimento é sazonal", disse Osmar Pinto Junior, coordenador do grupo de atividade atmosférica do instituto.
De acordo com o pesquisador, o aumento do número de raios também foi constado no Estado de Minas Gerais.
No Estado de São Paulo, que segundo o Inpe é uma das regiões com a maior incidência de raios do país, apenas a cidade de São José dispõe de números precisos, por ter um equipamento capaz de avaliar esse fenômeno.
O Inpe espera ter, a partir do mês de julho, quando montará estações de medição nas cidades de Campinas e Ibiúna, informações precisas de todo o Estado.
"Com esses dados em mãos poderemos alertar as pessoas, que se protegerão melhor", afirmou Osmar Junior.
De acordo com o pesquisador, a maior parte dos moradores não trata o assunto com a devida responsabilidade.
"É preciso ser mais responsável. Muitas pessoas estão morrendo por falta de informação. Esse aumento no número de raios é um alerta para todas as autoridades", disse Osmar Junior.

Proteção
O pesquisador do Inpe questiona os meios de proteção utilizados hoje. Segundo ele, há "amadorismo" na maior parte dos procedimentos adotados por pessoas que trabalham com pára-raios.
"Não basta contratar qualquer pessoa e pedir que ela faça um sistema de proteção em um prédio. É preciso contratar gente especializada. Caso contrário, os riscos podem até crescer."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.