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SOB SUSPEITA
Comissão que investigava suposto esquema de fraude de indenização ambiental acaba apuração após 1 ano
CPI quer lei para evitar "superprecatórios"
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA VALE
A CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) da Indústria da Indenização Ambiental vai propor
mudanças na legislação referente
à avaliação de áreas desapropriadas para evitar superfaturamentos como os constatados nos casos investigados pela comissão.
Após quase um ano de funcionamento, a CPI decidiu encerrar
anteontem a fase de apuração das
irregularidades e da coleta de depoimentos para concentrar esforços na elaboração do relatório,
que poderá durar até dois meses.
"Se for possível, esse prazo será
reduzido", disse o presidente da
comissão, o deputado estadual
Milton Flávio (PSDB).
O relatório será elaborado pelo
deputado estadual Salvador Khuriyeh (PDT), de Taubaté.
Segundo os deputados, o objetivo ao propor alterações na legislação atual é evitar que o poder público continue pagando por áreas
com evidentes sinais de superfaturamento. A CPI também vai sugerir alterações na forma de atuação dos órgãos do governo.
A maior parte dos casos investigados com irregularidades comprovadas está localizada na serra
do Mar, principalmente no litoral
norte de São Paulo.
Em Ubatuba, por exemplo, está
a área que deu origem ao maior
precatório do país, de R$ 1,3 bilhão. O valor, relativo à desapropriação de uma área de 13 mil hectares para a criação do Parque Estadual da Serra do Mar, está sendo
contestado pelo Estado no Superior Tribunal de Justiça.
Vários envolvidos foram denunciados pela CPI ao Ministério
Público, como o perito José Lasmar Filho. Lasmar atuou no "superprecatório" de Ubatuba.
"Temos elementos para pedir a
punição dos responsáveis, mas
apenas isso é pouco se não apresentarmos propostas de alteração
na legislação atual", disse Flávio.
Para ele, o Tribunal de Justiça de
São Paulo terá condições de avaliar, a partir do relatório, se houve
participação de juízes em um possível esquema de superavaliação
das indenizações.
"É possível identificar falhas e
má-fé, mas, pior do que achar
uma máfia das indenizações, foi
constatar a facilidade com que a
legislação permite desvios", afirmou Khuriyeh.
O relatório, segundo ele, deve
abranger uma cadeia que vai desde a titularidade e avaliação das
terras até as sentenças judiciais.
Um grupo de especialistas vai ajudar a elaborar o relatório.
A CPI vai enviar cópias do relatório ao governador Mário Covas
(PSDB), ao ministro da Justiça,
José Gregori, ao Ministério Público, ao Congresso Nacional e ao
Tribunal de Justiça.
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