São José dos Campos, Sábado, 14 de agosto de 1999

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PROTESTO
Polícia Militar de Jacareí abre sindicância para apurar ação durante manifestação da categoria
Confronto entre PM e perueiros fere 5

free-lance para a Folha Vale

A Polícia Militar de Jacareí abriu ontem uma sindicância administrativa para apurar a atuação dos policiais que entraram em confronto com um grupo de perueiros quinta-feira.
A briga envolveu pelo menos 20 perueiros, suas mulheres e 15 policiais militares. Dois perueiros, que acusam a PM de agressão, e três policiais ficaram feridos, um deles com o braço quebrado e outro com um corte profundo no rosto.
O choque ocorreu quando os perueiros iniciavam um ato público para protestar contra a proibição da atividade em Jacareí, que é considerada clandestina pela prefeitura.
Um grupo de dez perueiros estava em greve de fome, desde segunda-feira, acampado na praça Conde de Frontin.
A greve de fome foi deflagrada para reivindicar que o prefeito Benedicto Sérgio Lencioni (sem partido) revogue o decreto que determina a apreensão das peruas e vans clandestinas.
Ontem, restavam oito motoristas, que pretendiam mudar o local do acampamento.
Segundo o tenente Paulo Henrique Domingues, relações-públicas do Batalhão da PM de Jacareí, não houve abuso por parte dos policiais.
"Eles não permitiram que a polícia atuasse na liberação do trânsito e começaram a agredir os policiais", disse o tenente.
O tenente afirmou que a sindicância foi aberta também para comprovar a legalidade da ação.
"Pessoas ficaram feridas dos dois lados, mas isso não vai mudar a forma de agir da PM. Precisamos garantir o direito de ir e vir das pessoas."
O perueiro Sérgio Fernando Taffarel, 42, que participava da greve de fome, disse ter sido perseguido por cem metros até cair e ser agredido pelos policiais.
"Acordei no carro da polícia, com ferimentos pelo corpo todo. Apanhamos como cachorros. Ficaram dando voltas comigo pela cidade antes de me levar até a delegacia", relatou.
Em razão dos ferimentos e dos efeitos da falta de alimentação, Taffarel foi medicado ontem pela manhã. "Eu estava urinando sangue", disse.
Taffarel e Edvilson Alves da Silva foram autuados em flagrante por crime de desacato, ameaça e resistência. Eles só deixaram a cadeia após pagar fiança de R$ 400.
O perueiro Maurício Bittencourt, que também estava no protesto, acusou a polícia de agredir mulheres e crianças.
"Também soubemos que os policiais estão ameaçando revidar. Vou até me afastar do movimento", afirmou.
O tenente Paulo Henrique negou ontem que policiais estejam ameaçando os perueiros.



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