São José dos Campos, Sexta-feira, 20 de Abril de 2001

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Governo quer aumentar segurança de diretor

DA FOLHA VALE

O secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi, afirmou que o Estado vai rever a segurança de diretores de presídios e de pessoas ligadas a cargos de risco após o sequestro da médica Eulália Pedrosa Almeida.
Petrelluzzi disse que vai ser formulado um plano de segurança para a proteção dos diretores e familiares, porque é necessário melhorar o sistema de segurança de pessoas que estão em cargos e funções mais visíveis.
"Nós que trabalhamos em áreas de segurança pública assumimos voluntariamente riscos que o Estado, em troca, pode minimizar", disse.
O secretário afirmou que essa vai ser a única mudança realizada pelo governo de São Paulo após o sequestro da filha do diretor da Casa de Custódia de Taubaté, José Ismael Pedrosa.
Segundo ele, não vão ser transferidos presos e não vai ser proposta nenhuma modificação a ser adotada em relação aos detentos do sistema penitenciário após o episódio.
Petrelluzzi afirmou que o governo saiu vitorioso com a solução do sequestro, porque não abriu mão de sua autoridade em nenhum momento.
O secretário disse ainda que o governo provou que não é refém de comandos de presos e que vai continuar enfrentando as ameaças de facções e não pretende negociar com criminosos.
Segundo ele, a megarrebelião em 29 unidades prisionais e o sequestro de Eulália foram reações dos comandos às medidas do Estado, que teria provado ter sido rigoroso com os comandos.
"Não há nenhuma hipótese de ser de outra forma. A postura do Estado não vai ser mudada. Com esse episódio, fica cada vez mais claro que não é possível chantagear o governo do Estado de São Paulo", disse.
Em relação ao PCC (Primeiro Comando da Capital), Petrelluzzi disse que há indícios sérios de que a ação foi planejada e executada pelo comando, mas ainda não há provas concretas.
Segundo ele, a hipótese não está excluída e estará presente nas investigações policiais, mas, no momento, não é possível confirmar essa possibilidade.
A suspeita do comando da ação ter sido realizado por integrantes do PCC é considerada porque o grupo era o único interessado no sequestro, segundo Petrelluzzi.
A confirmação da participação do comando está atrelada à identificação pela polícia de reivindicações dos telefonemas que foram feitos à família e à polícia.
O secretário afirmou que no período em que Eulália permaneceu em poder dos sequestradores foram recebidos cerca de 70 telefonemas anônimos, o que está identificando a autoria da ação.
Nas ligações, foram feitos pedidos para a libertação de presos, relaxamento no tratamento em presídios de segurança máxima e a utilização de Eulália na troca de detentos ligados ao PCC e até mesmo resgate em dinheiro.
"Não sabemos o que era contato dos sequestradores e o que era trote entre as ligações. Qualquer conclusão é prematura. Por isso, vamos esperar até o fim das investigações", disse.
As ligações, segundo Petrelluzzi, estão passando por uma triagem, para que o governo possa relacionar os telefonemas que realmente foram feitos pelo grupo e então punir os integrantes do PCC, se ficar confirmada a participação do comando.


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