São José dos Campos, Sexta, 23 de abril de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA
Metalúrgico da GM aceita proposta e pára greve

Claudio Capucho/Folha Imagem
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Donizete Ferreira, durante discurso em assembléia


JOSÉ BENEDITO DA SILVA
free-lance para a Folha Vale

Os trabalhadores da General Motors da unidade de São José dos Campos decidiram ontem aceitar a proposta da empresa de reajuste salarial de 4,52%, abono equivalente a 45 horas de trabalho, e antecipação para o dia 10 de maio do restante da primeira parcela do 13º salário, cujo pagamento estava previsto para julho.
A proposta foi feita depois que 8.000 dos 8.600 trabalhadores da unidade entraram em greve por 48 horas na última segunda-feira exigindo a reabertura das negociações.
A greve foi suspensa ontem enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos negociava com a General Motors.
Ainda está pendente na pauta de negociações um abono de R$ 251 que a empresa só admite conceder se os trabalhadores assinarem acordo aceitando o "lay-off" (paralisação da produção pela GM, com os trabalhadores ficando em casa recebendo salários reduzidos, no caso de queda nas vendas).
O abono já foi concedido por outras montadoras, que assinaram acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) no ano passado. Colocada em votação na assembléia, a proposta dividiu a categoria e provocou o adiamento da decisão.
O sindicato ainda aguarda da GM uma posição sobre a manutenção das cláusulas sociais, que a empresa pretende reduzir, e o PLR (Participação nos Lucros ou Resultados).
Os dois assuntos não puderam ser discutidos na reunião de ontem com a GM por falta de tempo.
A empresa se comprometeu também a não descontar os dois dias da greve e a não punir os funcionários que participaram do movimento. Os dias parados serão compensados em dois sábados.
A proposta feita pela GM foi aceita por mais de 80% dos trabalhadores, segundo avaliação do presidente do sindicato, Antonio Donizete Ferreira.
O tom dos discursos foi de vitória. O diretor do sindicato João Gustavo Bernardes disse que o movimento "quebrou a intransigência da GM e do governo federal". Outro sindicalista, Luiz Carlos Prates, falou na mesma linha: "Estamos abrindo uma pequena fresta, não em qualquer lugar, mas na política de FHC e do FMI."
O diretor dos Assuntos Corporativos e Exportação da GM, José Carlos Pinheiro Neto, disse, por meio de nota distribuída por sua assessoria, que o acordo foi positivo, pois "representa o máximo que a GM pode oferecer neste momento" e "concilia os interesses da empresa e de todos os nossos colaboradores".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.