São José dos Campos, Sexta-feira, 24 de Setembro de 1999

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POLÍCIA
Estudantes da pré-escola assistiam aula no momento do assassinato em São José dos Campos
Adolescente é morto a 50 m de escola

free-lance para a Folha Vale

O estudante Carlos Eduardo Silvério, 17, foi morto ontem à tarde em São José a tiros na praça Paraíba, em frente do Núcleo de Educação Infantil da Vila São Pedro. O crime ocorreu por volta das 15h30, quando os alunos da pré-escola assistiam aula.
De acordo com policiais civis do 2º Distrito Policial, responsáveis pela investigação do caso, nenhuma testemunha foi encontrada quando a Polícia Militar chegou ao local, momentos após o crime.
Eles informaram, no entanto, que Silvério foi morto no momento em que estaria acontecendo um jogo de futebol na praça. Na ocasião, funcionários da Empresa Bandeirante de Energia trabalhavam na poda de árvores.
O corpo da vítima foi encontrado sob uma das traves existentes na quadra e estava a menos de 50 metros da escola. As aulas do período vespertino acontecem das 13h às 16h40.
A polícia não conseguiu localizar ontem os funcionários da Empresa Bandeirante de Energia, que abandonaram o trabalho na praça Paraíba momentos após os disparos. Eles serão intimados pela polícia para prestar depoimentos.
Como não havia no local ninguém que tivesse presenciado o crime, a polícia vai ter de procurar testemunhas.
De acordo com uma moradora da região ouvida pela Folha, que não quis se identificar para não sofrer represálias, as crianças que estudam no Núcleo de Educação Infantil no período diurno costumam jogar bola e brincar na praça durante a tarde.
"Ouvi dizer que estava cheio de crianças lá na hora que mataram o rapaz, mas não fui ver. Sempre tem criançada naquela praça", afirmou a moradora.

Defesa
A polícia ainda não sabe se o estudante Carlos Eduardo Silvério levou dois tiros ou apenas um.
O adolescente tinha ferimentos na mão e na cabeça. Segundo a polícia, Silvério pode ter usado a mão para se proteger e, neste caso, uma única bala teria provocado os dois ferimentos. Esse detalhe será esclarecido pelo laudo pericial da Polícia Técnica.
Silvério não tinha antecedentes criminais. Segundo declarações de seu pai, que não teve o nome divulgado pela polícia, ele era um garoto tranquilo e não tinha inimizades.
Um amigo do adolescente, no entanto, revelou em depoimento, sob a condição de não se identificar, que Silvério estaria usando entorpecentes e que estava envolvido com "más companhias". O crime, portanto, teria sido motivado por dívidas de drogas, de acordo com conclusão policial.
Essa versão foi reforçada no final da tarde de ontem, quando uma denúncia anônima feita ao 2º DP levou os policiais aos nomes de dois homens que podem ter cometido o assassinato. Eles têm antecedentes criminais relacionados ao tráfico e porte de entorpecentes.
A polícia não divulgou os nomes dos suspeitos para não atrapalhar as investigações, mas iria começar a procurá-los ainda ontem.

Violência
O último caso de homicídio dentro de uma escola registrado na cidade aconteceu em 23 de junho deste ano, quando o estudante Marcelo Henrique Galvão, 16, foi morto a tiros na quadra de esportes da escola municipal Therezinha do Menino Jesus Soares Nascimento, localizada no Parque Dom Pedro 1º. O local é aberto à comunidade.


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