São José dos Campos, Sexta, 26 de março de 1999

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EDUCAÇÃO
Resultado parcial de pesquisa do Conselho Tutelar aponta 2,39 alunos sem vaga para cada matriculado
São José tem 2.761 crianças sem creche

Roosevelt Cássio/Folha Imagem
A costureira Neusa do Nascimento com seus filhos em sua casa


MAURÍCIO BARBOSA
da Folha Vale

O número de crianças na fila de espera por vagas em 14 creches de São José dos Campos é duas vezes maior do que o total de alunos matriculados nessas unidades.
Esse é o resultado, ainda parcial, de um levantamento elaborado pelo Conselho Tutelar, que registrou um aumento nas reclamações e denúncias feitas pelos pais.
Das 39 creches de São José, entre municipais e filantrópicas, 14 responderam o ofício encaminhado pelo órgão. Nas unidades, 1.155 crianças com menos de 7 anos estão matriculadas, enquanto outras 2.761 aguardam uma vaga.
A faxineira Maria Lúcia Inácio dos Santos, uma das mães que não conseguiram vaga para dois filhos, pensa em pedir demissão do emprego ou tirar uma das filhas da escola para solucionar o problema.
"O número de crianças sem vaga surpreendeu. Muitas mães não têm onde deixar os filhos nem para procurar emprego", disse Maria Helena Vicente, conselheira para assuntos de educação.
Segundo ela, a região sul da cidade, onde estão os bairros mais carentes de São José, como os Parques D. Pedro 1º, D. Pedro 2º e dos Alemães, tem a maior demanda.
Das creches que responderam ao questionário, sete são municipais. A rede pública da prefeitura conta com 14 unidades, onde estão matriculadas 1.700 crianças. Outras 3.000, segundo a prefeitura, estão na fila de espera.
A secretária da Educação de São José, Juana Blanco, disse que a defasagem é antiga.
Segundo ela, a prioridade da prefeitura é o ensino fundamental. Mesmo com novas vagas que podem ser abertas, a secretária disse que toda a demanda não deve ser atendida.
Maria Helena disse que vai mandar outro ofício para as creches que ainda não responderam ao questionário. O primeiro foi enviado em dezembro de 98.
Com o número total da demanda reprimida, a conselheira pretende acionar a Vara da Infância e da Juventude, que deverá cobrar a abertura das vagas.
O procedimento já é adotado pelo Conselho Tutelar no caso da falta de vagas na rede pública para alunos do ensino fundamental ou médio, quando os pais apresentam a denúncia.
Além do Conselho Tutelar, as SABs (Sociedades Amigos de Bairros) também estão sendo procuradas pelos pais que não conseguem vagas nas creches.
Representantes das sociedades estão preparando projetos para a construção de creches, mas as verbas dependem da prefeitura.
"A região norte tem uma creche, com capacidade para 150 crianças. Estamos com um projeto para uma nova unidade para o ano 2000", disse Sebastião Donizete Martins, presidente da SAB de Altos de Santana.
A representante do Parque D. Pedro 2º, Angela Batista, disse que as mães da região sul estão desenvolvendo um projeto.



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