São José dos Campos, Domingo, 27 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES
Urnas têm código quase indecifrável

Maristela Nogueira/Folha Imagem
Urnas eletrônicas que serão usadas em São José nas eleições de 98


da Reportagem Local

O sistema de segurança criado pelos pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), em São José, para evitar fraudes no processo eletrônico de votação foi feito com uma chave com 256 combinações.
Em conjunto com outras formas de segurança, o sistema levaria 15 anos para ser decodificado por um "hacker" (pessoa que consegue violar redes de computadores).
Isso seria possível caso o "invasor" utilizasse um supercomputador, como o do Inpe, que faz 16 bilhões de operações por segundo. A estimativa é do tecnologista do CTA, Osvaldo Catsumi Imamura, responsável pelo sistema de segurança e membro da equipe de quatro pesquisadores de São José.
O Inpe vem desde 93 projetando o processo de informatização da Justiça Eleitoral (leia texto nesta página). A "chave" utilizada nas eleições de 96, quando a urna foi utilizada pela primeira vez, tinha 128 combinações e o sistema não estava tão seguro contra possíveis invasores pela Internet.
Desta vez, a comunicação pela Internet será fisicamente cortada dois dias antes das votações.
"A chave antes estava em um computador. Era como um cofre que poderia ser aberto. Desta vez, isso não será possível. Agora, só se o 'hacker' estiver dentro da Justiça Eleitoral", disse.
Na última quinta, o grupo se reuniu com a Polícia Federal para controlar o acesso das pessoas que vão trabalhar na apuração.
A "chave" é o primeiro passo para que um invasor consiga decodificar as informações computadas no sistema para contabilizar os votos da Justiça Eleitoral.
Para desenvolver o cálculo matemático para elaborar a "chave" e o algoritmo -fórmula que decodifica as informações-, o grupo contou com o apoio de um pesquisador do Cepesc (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Para a Segurança das Comunicações). O órgão é subordinado à Secretaria de Assuntos Estratégicos.
O trabalho teve início em fevereiro deste ano e terminou quatro meses depois. As 170 mil urnas distribuídas no país já estão com o sistema de segurança.

Confiança
O professor do instituto de computação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Paulo Licio de Geus disse que não precisaria de um supercomputador para obter, em até menos de um dia, o código da "chave".
Segundo ele, é possível fazer rodar o programa de decodificação em mais de um computador, reduzindo o tempo para encontrar o resultado. "O número de combinações para a "chave' não é grande."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.