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INFÂNCIA ROUBADA
Bairros de Campinas têm 835 menores de 5 anos com desnutrição; famílias estão racionando comida
Pesquisa revela 'bolsões' de desnutrição
da Reportagem Local
Campinas concentra hoje pelo
menos seis "bolsões" de miséria
com índice de desnutrição de
22,8% entre crianças de até 5 anos.
As áreas têm um total de 3.662
crianças nessa faixa etária e 835 delas estão desnutridas.
A média de desnutrição registrada em Campinas é de 2,5% quando
se considera toda a população.
Os bolsões ficam no Jardim
Campina Grande (região noroeste), áreas rurais da região leste, Vila Padre Anchieta (região norte),
Parque Jambeiro (sul), DIC-1 (Distrito Industrial de Campinas), na
região sudoeste, e Jardim São Domingos (região sul).
Os dados foram revelados em
uma pesquisa do Departamento de
Nutrição da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica).
A coordenadora do projeto, a
professora Erly Catarina de Moura, 44, disse que o índice é alarmante. "São pessoas que vivem em
estado de pobreza absoluta."
Nos bolsões, a média de desnutrição considerada mais grave é de
1,5%. Já a desnutrição moderada
nas seis áreas é de 21,3%, segundo
a pesquisadora.
A desnutrição é mais grave quando a criança tem falta de vitaminas
e minerais e sua estrutura muscular é afetada. A moderada ocorre
na falta de calorias.
À margem
A professora disse que nos bolsões de pobreza famílias vivem em
miséria absoluta e à margem dos
serviços de saúde pública.
Segundo ela, há casos de mães
que misturam água ao leite para
que o produto seja suficiente para
todos os filhos, mas o alimento
perde seu teor nutritivo. Muitas famílias também têm que dividir
uma porção de comida entre vários integrantes.
Os três filhos do operário desempregado Moacir Dias dos Santos,
34, tiveram desnutrição. Ele está
sem emprego há um ano. "A gente
só compra comida quando tem dinheiro garantido com algum "bico'
na cidade."
A dona-de-casa Neuza Maria Gerônimo dos Santos, mãe de Érica
Gerônimo dos Santos, 10, Jefferson, 8, e Erilaine, 5, disse que sempre serve arroz e feijão para a família, mas é obrigada a racionar a
quantidade.
A pesquisadora disse que os dados do levantamento foram enviados à Secretaria Municipal da Saúde para que as famílias sejam
acompanhadas pela rede.
A secretaria informou ontem,
por meio de sua assessoria de imprensa, que tem um programa de
combate à desnutrição, mas não
forneceu dados do projeto.
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