São José dos Campos, Quinta, 29 de outubro de 1998

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CIÊNCIA
Primeira etapa do experimento da Univap será enviada hoje ao espaço por ônibus espacial norte-americano
VS-30 vai lançar pesquisa com planárias

da Reportagem Local

A AEB (Agência Espacial Brasileira) autorizou a Univap (Universidade do Vale do Paraíba) a embarcar no foguete de sondagem VS-30, que será lançado em dezembro deste ano em Alcântara (MA), uma experiência sobre o comportamento de planárias em ambientes sem gravidade.
Esta será a segunda etapa da pesquisa que vem sendo desenvolvida pela bióloga Nádia Maria Rodrigues de Campos Velho, que hoje estará acompanhando o lançamento do ônibus espacial Discovery, na Flórida (EUA), que vai manter o seu experimento no espaço até o dia 7 de novembro.
Planárias são vermes com até 1,5 centímetro de comprimento e podem viver na água doce, salgada ou no solo. Nádia está estudando a planária Dugesia trigina, que vive em água doce. Quando mutilada, ela consegue se recompor.
O objetivo da pesquisa é analisar o processo de regeneração do verme em um ambiente de microgravidade (próxima de zero).
A assessoria da AEB informou que ainda não há data específica para o lançamento do VS-30, que alcança a altitude máxima de 130 quilômetros. O experimento científico é realizado em menos de 15 minutos, que é o tempo em que o foguete estará em seu apogeu.
A assessoria de imprensa do CTA informou que o foguete está em processo final de construção.
Segundo o pró-reitor de extensão universitária da Univap, Antonio de Souza Teixeira Júnior, a pesquisa pode ajudar os estudos de regeneração de tecidos de outros animais.
"Ninguém sabe como ocorre o crescimento de tecidos animais no espaço. A partir desta experiência é que poderemos estudar a aplicação do estudo", disse.
Teixeira acredita que, em órbita, o processo de regeneração da planária poderá apresentar modificações significativas.

Metodologia
A bordo do ônibus que será lançado hoje, também serão colocados experimentos do professor da USP (Universidade de São Paulo) Sadao Sato, sobre o crescimento de cristais em açúcar, e da professora da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) Adriana Lucarini, sobre reações enzimáticas.
Para a pesquisa da Univap, Nádia preparou dois lotes de planárias. Um será embarcado hoje e outro ficará no laboratório em São José dos Campos.
Antes que o material seja colocado no ônibus espacial, Nádia vai fazer um corte transversal completo sobre o animal, para analisar a recomposição da cabeça e dos olhos do verme. O processo será fotografado por uma lupa. As planárias devem ser retiradas do ônibus espacial seis dias depois da aterrissagem para que o ciclo de regeneração se complete.



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