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TECNOLOGIA
Peça dura 50 vezes mais do que as tradicionais; preço deve ser de R$ 15, semelhante ao produto importado
Inpe faz broca odontológica de diamante
da Folha Vale
O Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), em São José,
pretende iniciar, a partir do próximo mês, a fase de industrialização
de brocas de aparelhos odontológicos feitas de diamante sintético.
O desenvolvimento das peças está sendo realizado em conjunto
com a empresa Clorovale, que produz hipoclorito de sódio.
A parceria foi iniciada há cerca
de seis meses e pesquisadores do
Inpe, que já patentearam a broca,
passaram a ser sócios da empresa
na busca pela produção da peça.
Apesar de não ser do ramo odontológico, a Clorovale decidiu entrar no acordo porque produz hidrogênio, um dos gases usados na
síntese do diamante industrial,
que tem cor entre o cinza e o preto.
"O hidrogênio, subproduto da
produção do hipoclorito de sódio,
não era aproveitado. Agora, vamos
engarrafá-lo e utilizá-lo na linha da
própria empresa", afirmou Vladimir Jesus Trava Airoldi, 44, coordenador da equipe de crescimento
de diamantes do Inpe.
O produto fabricado em laboratório possui as mesmas qualidades
físicas e químicas, que incluem resistência e textura, daquele encontrado na natureza. Porém, ele não é
trabalhado a ponto de a pedra poder ser utilizada em jóias.
Ele é obtido a partir da deposição
de hidrogênio e metano em reatores. Para a produção do material, é
necessária uma quantidade de hidrogênio 50 vezes maior do que a
de metano.
"O diamante é o material mais
resistente que existe. O objetivo é
usar essa tecnologia de ponta para
o desenvolvimento de componentes para a área espacial", disse.
Os pesquisadores trabalham na
obtenção de janelas de alta durabilidade que possam ser usadas em
satélites. Hoje, elas são feitas de
quartzo, material com maior possibilidade de deterioração.
"Já estamos em um bom caminho nesse processo. Quanto mais
tempo o diamante ficar no reator,
mais transparente fica."
Além das brocas, outros materiais também estão sendo desenvolvidos, como tubos e chapas.
Segundo Airoldi, uma das principais diferenças em relação à broca tradicional é que a peça feita de
diamante é inteira.
"Com o tempo, a broca comum
vai soltando partículas porque elas
são aglutinadas na ponta de um
metal. A de diamante também sofre um desgaste, mas por ser uma
peça inteira ela dura cerca de 50 vezes mais do que as tradicionais."
Os dentistas usam uma broca comum com cinco a dez pacientes.
Há três anos, o custo estimado
para colocação da peça no mercado era calculado em R$ 40 cada
uma. Hoje, o valor unitário estaria
em cerca de R$ 15, semelhante a de
uma broca importada. O preço da
tradicional é de R$ 2, em média.
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