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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003

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Para não pagar por serviços indesejados, é preciso fazer várias cotações, ler a apólice e questionar o corretor

Previna-se contra "extras" nos seguros

LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Quem contrata o seguro e recebe uma série de outros serviços corre o risco de estar pagando a mais por eles. O que realmente interessava -prevenir contra furto, roubo, batidas e incêndio- poderia ter custado bem menos.
A hipercompetição entre seguradoras faz com que se ofereçam itens dos mais inusitados, de encanador a prêmios de loteria. Alguns não são "de graça", mas opcionais cobrados à parte. Para não pagar mais, é preciso ler a apólice com lupa e não ter preguiça ou vergonha de questionar o corretor.
"Contratei um seguro que vinha com um monte de serviços: chaveiro, encanador, tudo. Mas só descobri depois que sairia mais barato se não escolhesse todos esses opcionais", conta a gerente comercial Rosana Alves, 29.
"A culpa nesse caso foi do corretor. Mas, fazendo isso, ele perde o cliente, e a seguradora perde junto", afirma Matias Ávila, 52, vice-presidente da Liberty Paulista Seguros. É verdade: ela nem lembra mais quem era o corretor.
Corretor há 23 anos, Ricardo Guilger, 46, sócio da Coutinho Amaral Seguros, diz acreditar mais em um erro de comunicação do que em má-fé. "O corretor quer "limpar" ao máximo a apólice para vender mais fácil. Ganha-se muito pouco nesses opcionais. Alguns nem têm comissão."
Em números: o seguro de um carro custa em média R$ 1.000, incluindo assistência no caso de panes, chaveiro e serviços durante viagens. "Como essas coisas são baratas, a contratação básica é essa", afirma o vice-presidente da Sul América, Julio Avellar, 44.

Diferença de R$ 50
Pedir que se retirem esses itens faria o seguro custar R$ 950. Ou seja, se o cliente gasta mais de R$ 50 por ano com serviços domésticos, vale a pena. Com muitos itens à parte, diz Avellar (que exagera no exemplo, citando seguro para terceiros de R$ 1 milhão), o valor chega a R$ 1.500.
Dá trabalho, mas o negócio é confrontar cotações. Uma das mais curiosas apólices do mercado é oferecida pela AGF Brasil Seguros, com encanador, eletricista, conserto de eletrodoméstico e aparelho telefônico, entre outros.
"[Esses serviços] já estão dentro do seguro de automóvel. Não acrescentamos nenhum centavo a mais. Por isso não há como a pessoa chegar e dizer: "Não quero isso para pagar menos'", diz Marcelo Goldman, 34, diretor-executivo.
Mas há opcionais pagos, como as coberturas específicas para faróis, lanternas e vidros (R$ 70) ou só de vidros (R$ 50). Uma pequena batida no farol prevê franquia de R$ 17. A do pára-brisa custa R$ 45. Os outros vidros e o retrovisor estão "dispensados".
Os "extras" nem sempre são vantajosos. "A última coisa com que o consumidor tem de se preocupar é com brindes", avalia Dinah Barreto, 45, assessora de direção do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
"Ele precisa estar mais preocupado com valores, condições gerais e se a empresa é sólida."


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