|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
peças & acessórios
Pesquisador testa caixa-preta para carros
Protótipo, de 12 cm e R$ 300, tem a função de esclarecer acidentes; carros de luxo já usam sensores do airbag
FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Imagine a cena: você acaba
de bater o carro e, antes de sair
de dentro dele para avaliar o
estrago, toca seu celular: "Olá,
está tudo bem? Você precisa
de uma ambulância?".
O telefonema de auxílio é da
central de emergência, que acaba de receber de seu carro, via
satélite, a informação de que o
airbag disparou em plena marginal Tietê, próximo à ponte do
Limão (zona norte).
Para Alberto Pulga, gerente
de assistência técnica da Audi,
em menos de dois anos a maioria dos veículos sofisticados já
poderá pedir ajuda e passar
dados sobre acidentes.
"Alguns modelos importados
já têm caixas-pretas, mas não
são conectadas a um sistema
local de resgate", diz Pulga.
O que poucos sabem é que,
desde meados dos anos 90, nos
EUA, a Chevrolet e a Ford já
equipam alguns de seus modelos com sistemas que "deduram" como o carro se comportou momentos antes do acidente: velocidade, força de frenagem, afivelamento do cinto.
"Mas esses gravadores estrangeiros custam caro. Cerca
de US$ 2.000", estima Rone
Antônio de Azeredo, especialista pericial de engenharia.
No Brasil, o Iapa (Instituto
de Avaliações e Perícias Automotivas) afirma ter desenvolvido uma caixa-preta que custaria apenas R$ 300. O equipamento seria capaz de informar
até se estava chovendo no momento da batida, por exemplo.
Além de funcionar como rastreador, o sistema nacional
promete facilitar ou até substituir o trabalho do perito de
trânsito. Sensores informariam
ao software a gravidade do acidente -a partir de 2010, todo
veículo acidentado, por lei, precisará ser periciado; e os que sofrerem grandes danos não poderão voltar a circular.
"Cada modelo tem uma tecnologia estrutural diferente.
Bater a 60 km/h com um Fusca
é pior do que bater com um Fusion. Usar só dados numéricos
para aprovar um veículo poderia ser perigoso", questiona
Emerson Feliciano, supervisor
de pesquisa e desenvolvimento
do Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
Rastreador
Em tese, umas das maiores
interessadas nas caixas-pretas
são as seguradoras, que poderiam descobrir, por exemplo, se
o condutor realizava manobras
arriscadas ou se dirigia em alta
velocidade antes do impacto,
podendo negar o prêmio.
Na Suíça, em 2006, a seguradora Winterthur oferecia 20%
de desconto para quem instalasse uma caixa-preta no carro.
"A eletrônica pode monitorar até o percurso que o veículo
faz, incluindo o local e o tempo
de parada. Essa intromissão
tecnológica, que pode salvar a
vida de um acidentado, é a mesma que invade a privacidade da
pessoa", compara José Edison
Parro, presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
Essa discussão foi parar na
Justiça. O Ministério Público
Federal ajuizou uma ação contra a obrigatoriedade dos rastreadores veiculares, imposta
pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), por meio da
resolução 245/07.
Apesar de a ação estar sub judice, no final do mês passado o
Contran estabeleceu o cronograma de implantação do sistema antifurto. Segundo o calendário, as montadoras deverão
implantá-lo gradualmente nos
carros novos a partir de fevereiro de 2010 e têm até outubro do
ano que vem para equipar toda
a produção brasileira.
Texto Anterior: VW, enfim, lança câmbio automatizado sem trancos Próximo Texto: Cartas Índice
|