São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

Pai não pode ceder, e filho precisa ficar em equipamentos especiais
Com ou sem choro, criança só deve viajar bem presa

Fernando Moraes/Folha Imagem
Gláucia Ferretti ajeita o filho na cadeirinha; em um acidente há quatro anos, Pietro não teve nem arranhões graças ao equipamento


MARISTELA DO VALLE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Há quatro anos, a contadora Gláucia Ferretti passou por um grande susto. Com o filho, à época com três anos, a bordo, seu carro teve perda total. "O Pietro não sofreu nenhum arranhão, só chorou por causa da batida." O incidente aconteceu a 800 m de sua casa.
Sorte? Não exatamente. O menino estava acomodado numa cadeirinha certificada e destinada a sua faixa etária, comprada uma semana antes da batida. "Se ele estivesse solto, teria sido jogado para frente. A cadeira antiga, apertada para seu tamanho, quebraria."
Acomodar crianças no carro requer cuidados extras: o sistema de segurança das fábricas é pensado para quem tem mais de 1,45 m. Até então, elas ficam firmes só com equipamentos específicos, de acordo com peso e estatura.
Esses aparatos não podem ser dispensados nem nas menores distâncias. "Cerca de 80% dos acidentes acontecem numa distância de até 30 km da casa da pessoa, numa baixa velocidade", comenta Luciana O'Reilly, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.
Ela lamenta que o Brasil não tenha lei para o transporte de crianças e diz que multas ajudariam. Há mais de ano o Congresso Nacional está para votar um projeto.
Em 2002, a organização fez uma enquete e detectou que apenas 5% das crianças estavam em cadeirinhas. "Hoje o número deve ter aumentado só uns 5%." A conseqüência é que, anualmente, 1.300 brasileiros com até 14 anos morrem vítimas de acidentes de carro. O quádruplo disso, ou 5.200 meninos e meninas, ficam com seqüelas permanentes.

Negociação
É por isso que os pais precisam se conscientizar e não ceder. "Há coisas que não dá para negociar com os filhos", afirma Ferretti, que se esforça para encarar como música o choro alto do caçula, Lorenzo, durante viagens longas.
A administradora Mariana Passos Moriz também não cede aos apelos de Pedro, 4, e João, 2, para trocar cadeiras por colo nos 530 km entre São Paulo e Araçatuba. "Há duas cadeirinhas no meu carro e outras duas no do meu marido. Pode soar exagero, mas somos preocupados com segurança."
Quem não sabe como usar os equipamentos de segurança pode contatar a Criança Segura, que checa a instalação de cadeiras toda sexta-feira (0/xx/11/3371-2384, www.criancasegura.org.br).


Próximo Texto: Sedã: Mais próximo do A8, A6 aposta em preço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.