ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Um jipão de linhagem japonesa, montado no Brasil e equipado para enfrentar mesmo aventuras fora-de-estrada. Num tempo em que os "off-roads" só de aparência e sem tração integral proliferam no mercado, o Nissan Xterra (pronuncia-se ecs-terra) pode ser mais uma opção para os jipeiros autênticos. E que tenham R$ 109.100 para comprar sua versão mais luxuosa, a SE.
Com motor 2.8 turbodiesel e 132 cavalos, o carro da Nissan (www.nissanxterra.com.br) é isso: um utilitário esportivo para quem gosta de aventura.
Não é muito grande (4,53 m de comprimento e 1,79 m de largura), o que dá mais tranquilidade para dirigi-lo na cidade. Mas, como outros utilitários, a condução em pisos de asfalto com muitas irregularidades é desconfortável. O carro pula bastante, do mesmo jeito que seu concorrente mais próximo, o Chevrolet Blazer.
Um aspecto que pode preocupar é o barulho, por causa do motor a diesel. A impressão ao dirigir não é ruim. O ruído é o característico desses motores, mas não incomoda tanto quanto num jipe sem muitos revestimentos.

Teste
A avaliação é confirmada pelo teste Folha-Mauá. Com os vidros fechados, a 120 km/h, o Nissan produz 72 decibéis. É menos que outros carros movidos a gasolina: Ford Ka 1.6 (77 dB) e Ford EcoSport 1.0 (75 dB), por exemplo.
Não é um veículo para velocidade -seu limite é 164 km/h, segundo a montadora. O teste mostra que ele leva 14,46s para acelerar de 0 a 100 km/h. É mais lento que um utilitário esportivo de motor menor.
O EcoSport 1.0, por exemplo, faz de 0 a 100 km/h em 13,34s, conforme teste de julho de 2003. A retomada de 60 a 120 km/h demanda 18,27s no Xterra. Aí, é mais rápido que o EcoSport, que obteve a marca de 22,47s.
O trunfo do Nissan, porém, está nas baixas velocidades. O torque (força) de 34,7 kgfm é obtido logo a 1.800 rpm. Isso quer dizer que o motor não precisa girar muito para dar energia ao jipão.
O consumo não é exagerado para um veículo com o porte dele (pesa quase duas toneladas). Segundo as medições, o utilitário fez 8,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada. Como comparação, o Chevrolet Celta 1.4 fez 12,3 km/l na cidade e 15,26 km/l na estrada, em teste Folha-Mauá feito em setembro do ano passado.
É espaçoso e confortável. A posição de dirigir é correta, e os controles estão à mão. Quem está acostumado com carros de passeio não vai estranhar o volante, que é regulável. O câmbio é justo e quase não tem movimento lateral, o que torna agradáveis as trocas.
Dependendo do calçado do motorista, o pé da embreagem pode esbarrar no pedal do freio. Os bancos traseiros são mais altos do que os dianteiros, o que dá uma boa visão para os passageiros.

Tração 4x4
A diferença para outros veículos que só passam a idéia de aventura é que ele é capaz mesmo de encarar missões mais difíceis: terreno com pedra, lama e areia.
A tração 4x4 e a distância do solo (23,5 cm) permitem a ousadia. Para comparar, um carro de passeio normal, como um Volkswagen Gol, tem 18,9 cm de altura em relação ao chão.
O manual do proprietário traz todas as dicas para usar bem a tração integral e adverte que seu uso sem necessidade (em asfalto ou mesmo em pista de terra que esteja em boas condições) acarreta desgaste prematuro e consumo exagerado de combustível.
Um resumo da operação 4x4 pode ser lido no teto do carro, atrás do pára-sol, mas a posição é pouco ergonômica para a leitura.

Concorrência
O Xterra veio principalmente para concorrer com o Blazer 2.8 Diesel 4x4 Executive (www.gm.com.br). A potência dos dois é a mesma (132 cv a 3.600 rpm), e o torque é quase igual: 34 kgfm (Blazer) e 34,7 kgfm (Xterra), ambos obtidos a 1.800 rpm. O Blazer é um pouco mais barato -R$ 97.309,00, mas há algumas diferenças de equipamentos, como a bússola.
Quanto às vendas, o modelo da Nissan ainda não é nenhuma explosão, mas se defende. Segundo dados da Anfavea (associação de fabricantes de carros), de maio -quando começou a ser produzido- a novembro, foram comercializadas 807 unidades do Xterra, o que dá uma média de 115 carros por mês.
O Blazer, em suas duas versões (diesel e gasolina), vendeu 51% mais: de janeiro a novembro, foram 1.919 unidades, o que dá média de 174 por mês. Mas, se for considerada somente a versão a diesel -a única com tração 4x4 e que é concorrente direta do Xterra-, as vendas da Chevrolet somam apenas 311 veículos (média de 28 por mês). Nesse caso, o Xterra teve média mensal equivalente a quatro vezes o volume de unidades negociadas do Blazer.
Outras opções 4x4, mas em faixa de preço superior, são Mitsubishi Pajero Sport 3.0 (145 cv, torque de 38 kgfm, R$ 134.490, www.mitsubishimotors.com.br) e Land Rover Discovery 2.5 diesel automático (137 cv, torque de 34,7 kgfm, R$ 183 mil, www.landrover.com.br).



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