RODRIGO FRANÇA
da Reportagem Local

Na Fórmula 1, os pilotos andam a mais de 300 km/h. Nas ruas de São Paulo, atingem no máximo 90 km/h. Apesar disso, eles se sentem mais seguros na pista do que no trânsito paulistano, que classificam como "maluco". Motivos não faltam: mau humor dos motoristas, pneus furados e até mesmo punições por atrasos no trânsito.
"Sou mais cauteloso quando dirijo um carro de passeio", diz Rubens Barrichello, 25, equipe Stewart. Pilotos ouvidos pela Folha apontaram a tecnologia dos carros e autódromos como as razões para se sentirem mais seguros na pistas.
"Diferente das ruas, os autódromos estão preparados para acidentes em altas velocidades", conta Pedro Paulo Diniz (Arrows), 27. "As ruas não protegem você de imprevistos", diz o austríaco Alexander Wurz (Benetton), 24.
Para Barrichello, o mau humor dos motoristas torna tudo mais desgastante. "As pessoas dirigem com raiva no trânsito. Na F-1, todos correm por prazer. Por isso prefiro levar uma fechada do palhaço do Eddie Irvine (Ferrari)."
Segundo o finlandês Mika Hakkinen (McLaren), 29, o trânsito paulistano é tão maluco quanto o de qualquer metrópole. "É igual ao de Londres", completa Damon Hill (Jordan), 37.
Trauma mesmo só para o canadense Jacques Villeneuve (Williams), que se perdeu no caminho entre o hotel e Interlagos, chegando atrasado a uma entrevista coletiva. Pelo atraso, recebeu uma multa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
O péssimo estado das ruas da cidade de São Paulo é o maior alvo das reclamações. Ricardo Rosset (Tyrrell), 29, que o diga. "Meu pneu rasgou quando passei sobre uma placa de metal usada para tapar buracos." O brasileiro inveja o asfalto europeu. "É melhor que o de Interlagos."
O escocês "ackie Stewart acredita que tantas dificuldades resultam em um lado positivo. "Os brasileiros guiam com paixão, agressividade e loucura. É por isso que vocês têm tantos pilotos bons."



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