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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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Ferrari Challenge Stradale custa mais de R$ 600 mil, mas o toca-CDs é opcional; respostas do modelo são ágeis

Ronco do motor é a trilha sonora do carro

DO ENVIADO ESPECIAL A MARANELLO

Desative o alarme, gire a chave e aperte o botão "start" no console. Pronto, o ronco do motor 3.6 V8 -o mesmo do 360 Modena- invadirá o habitáculo. Na primeira acelerada, fica claro: o Challenge Stradale é um legítimo esportivo, com direito a um barulho igual ao dos carros de Fórmula 1.
As respostas são imediatas, seja de aceleração, frenagem ou até para fazer curvas. Ao dirigir, impressiona como o motorista tem controle total do carro. Apesar de não ser o modelo mais potente da Ferrari -são 425 cv contra os 660 cv do Enzo-, a nova "macchina" não decepciona.
"Nossa meta era reduzir o tempo de cada volta na pista de Fiorano em três segundos. Conseguimos chegar a 3,5s", conta Patrizio Moruzzi, chefe da divisão de motores de oito cilindros. Os bons resultados foram ajudados pela redução de peso -são 110 kg a menos que a 360 Modena.
A carroceria é de alumínio. Titânio foi usado em componentes da suspensão e do motor. Fibra de carbono, comum nos carros de Fórmula 1 e nas séries limitadas, é aplicada no revestimento das portas, nos bancos e no acabamento.
Parte dos vidros não é vidro: o do compartimento do motor e o da janela que desliza lateralmente são feitos com Lexan, mesmo material usado em aeronaves.
Ao usar cerâmica e carbono nos discos dos freios, como no Enzo e nos F-1, a Ferrari conseguiu reduzir o peso em 16%. Extremamente eficientes, eles diminuíram 5% o espaço necessário para as frenagens. Também não se "estressam" com as altas temperaturas.

Interior "rosso"
Apresentado em março no Salão de Genebra, o Challenge Stradale traduz o que é ser um carro esportivo. Seu interior é simples, sem revestimento em carpete, e os pedais são de metal. No centro do painel -feito em fibra de carbono- está o conta-giros, não o velocímetro. Ele é tão importante que seu fundo é amarelo, enquanto o resto é preto. O motorista precisa saber a rotação para trocar a marcha no momento certo.
Os detalhes vermelhos se espalham. Além de parte do volante, os bancos de tecido têm a mesma cor. Esportivos, eles são duros, mas envolventes. Outro "inconveniente" é o calor que vem do motor, que é separado do habitáculo apenas pelo Lexan.
Por fora, a aerodinâmica se une ao design esportivo. Os retrovisores foram "herdados" do 360 GT e também são feitos em fibra de carbono, e as rodas de aro 19 têm desenho inspirado no Challenge original. Os pára-choques dianteiros estão mais compridos, colaborando para deixar o carro 50% mais "preso" ao chão. O desenho da lateral cobre totalmente as rodas traseiras.

Estável
Mesmo já bem perto do chão em outros modelos, o centro de gravidade está 15 mm mais baixo no novo Ferrari. Estabilidade é o que não falta ao Stradale.
As borboletas para troca de marchas são grandes, fáceis de serem usadas -não há nem comparação com outros modelos que querem ter esse toque de esportividade, como Alfa Romeo 147 ou Audi A8. Pisar no pedal do freio e puxar as duas ao mesmo tempo deixa o carro em ponto morto. Para engatar a ré, basta apertar um botão no console central.
O toca-CDs é equipamento opcional. Mas aí fica uma pergunta: será que quem paga mais de R$ 600 mil por um Ferrari prefere ouvir música ou o ronco do motor? (JOSÉ AUGUSTO AMORIM)


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