São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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Montadoras desenvolvem soluções tecnológicas para evitar o sono ao volante, responsável por 210 mil mortes por ano em todo o mundo

Uaaaahhh

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Zzzzzzzz. Mais do que a "fala" do gato Garfield, a onomatopéia ilustra o que aconteceu com 1.787 motoristas que viajavam por estradas federais em 2001. Até junho deste ano, a Polícia Rodoviária Federal acredita que o sono tenha provocado 876 acidentes, contra 237 por ingestão de álcool.
Em todo o mundo, o sono mata por ano 210 mil pessoas -se 505 Boeing-747 caíssem e todos os passageiros morressem, esse seria o número de vítimas. Um estudo da National Highway Transportation Safety Administration, que fiscaliza a segurança nas estradas dos EUA, revela que entre 80% e 90% dos acidentes poderiam ter sido evitados se o condutor tivesse sido avisado um segundo antes.
É por isso que as montadoras começam a pensar em métodos que mostram ao condutor que ele tem um volante, e não um travesseiro à sua frente. Parecem engenhocas do professor Pardal, mas devem dividir a lista de equipamentos de segurança com freios ABS (antitravamento) e airbags (bolsas de ar que inflam em batidas) em menos de dez anos.

Num piscar de olhos
Muitas empresas lançam mão de uma câmera que mede a velocidade do piscar dos olhos -ela diminui na proporção inversa da sonolência. A partir daí, cada carro tem uma "reação".
A BMW aposta em luzes verdes, amarelas e vermelhas que indicam quatro estágios de cansaço. Ainda em estudo, um alarme deve integrar o sistema. E, no computador de bordo, pode aparecer o endereço do estacionamento ou o do hotel mais próximo.
No caso da Nissan, há um aviso sonoro, seguido do acionamento do ar-condicionado e de um odor de menta. "Frio e desconforto físico deixam o motorista mais alerta", atesta Fabio Racy, presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
A australiana Seeing Machines criou o faceLAB, que também mede piscadas. Já vendeu o sistema para DaimlerChrysler, Mitsubishi, Nissan, Toyota e Volvo.
"Como parte do veículo, o sistema deve custar no máximo US$ 200 [cerca de R$ 720]", conta Gavin Longhurst, agente de mercado internacional da empresa.
Outra reação do corpo humano quando o sono dá as caras é a queda no batimento cardíaco. Por isso a Fiat criou uma espécie de ponto eletrônico, como os usados por apresentadores de televisão, que mede a frequência e avisa se o motorista está a ponto de dormir.
O Volvo SCC (Safety Concept Car) usa sensores que detectam essa reação fisiológica para, então, disparar um alarme.
Por câmeras fora do veículo, DaimlerChrysler e Hyundai avisam caso o motorista mude de faixa sem dar seta -a coreana também faz o volante vibrar. Na Espanha, foi adotada solução semelhante, mas que beneficia todos: as estradas têm sonorizadores entre pista e acostamento.


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