|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A VOLTA DOS PEQUENOS
Isetta parece um frigobar, e smart, uma caixa de isopor
Porta do BMW é dianteira e sustenta o volante; no fortwo conversível, teto de lona tem comando elétrico
DA REPORTAGEM LOCAL
O que mais um fabricante
italiano de motos e de geladeiras nos anos 50 poderia inventar se não o Isetta? Com apenas
1,35 m de altura e uma única
porta na dianteira, o carrinho
parece um frigobar ambulante.
Essa impressão, porém, muda quando você ouve o motor
de 300 cm3 funcionando. Aí a
certeza é a de que se está à frente de um moedor de cana.
Acomodar-se na cabine em
forma de ovo é mais inusitado.
Melhor entrar de costas e ir
abaixando a cabeça conforme o
corpo se aproxima do banco.
Depois de sentado, você precisa esticar o braço para trancar a porta ou o motorista deve
puxar o volante que fica preso
nela. No canto, há um velocímetro limitado a 100 km/h. E
nem adianta procurar o marcador de combustível porque não
era um item comum na época.
"Repare que todo Isetta tem
teto solar. Era para sair por cima em caso de emergência",
explica Américo Salomão, dono da BMW alemã ano 1959
avaliada pela Folha.
É por cima também que seus
motoristas passam o dinheiro
do pedágio, já que a versão
"bubble car" (bolha) só dispõe
de quebra-vento lateral.
Coqueluche também no Brasil, o Isetta era revolucionário
para o trânsito urbano. Mas,
sem os incentivos fiscais que o
presidente Juscelino Kubitschek dava aos carros com pelo
menos duas portas, o Isetta nacional era cerca de 60% mais
caro que o Fusca, por exemplo.
Talvez por isso só 3.300 Romi-Isetta tenham sido fabricados no país entre 1956 e 1961.
Como o smart, o Isetta espalha sorrisos. Baixinho, dá para
entender por que o apelidaram
de "bola de futebol do Fenemê"
(um caminhão da época).
Salomão também conta que
não inveja o amigo que tem
uma Ferrari. "Propus estacionarmos os dois carros em frente a uma padaria para ver qual
seria mais fotografado, mas ele
não topou o desafio", brinca.
Réplica
Hoje, um Isetta em bom estado vale mais que um smart for-
two novo, calcula Salomão.
Quem não quiser pagar além
de R$ 65 mil pode, desde o começo do ano, comprar uma réplica do carrinho cinquentão
por R$ 25 mil. Vem com freio a
disco e motor de quadriciclo,
informa o fabricante (www.replicadeisetta.com.br).
São modificações que visam
sanar percalços da versão original, que, de tão "temperamental", vinha com um manual parecido com um guia mecânico.
O livreto ainda sugeria estacionar com a porta para a calçada.
E quem quiser ver o Isetta de
perto pode ir ao encontro de
minicarros antigos, que acontece terça-feira às 19h no Sambódromo (av. Olavo Fontoura,
s/n, Santana, zona norte). A entrada custa R$ 5.
(FELIPE NÓBREGA)
Texto Anterior: A volta dos pequenos Próximo Texto: Importado, Peugeot 3008 chega ao Brasil em 2011 Índice
|