São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Crédito fácil

Financiamento ganha novos contornos, com prazos de até 84 meses, mas exige cautela

Renato Stockler/Folha Imagem
Marciel Matsumoto financiou um Prisma em 69 vezes e pagará a 1ª parcela só em 2008

CELSO DE CAMPOS JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando Marciel Matsumoto, 23, e Isabel, 21, trocarem alianças, em fevereiro, estarão comprometidos pelos próximos seis anos. Não mais só um com o outro mas também com 68 prestações de R$ 683,56.
As novas companheiras são as parcelas do financiamento de um Chevrolet Prisma zero-quilômetro. Na segunda-feira, o casal foi à Viamar retirar o primeiro carro próprio de cada um deles e não precisou colocar a mão no bolso. O primeiro boleto será pago em janeiro.
"Queríamos um carro bom, para usar no trabalho. E o financiamento, para nós, que não tínhamos o capital para a entrada, foi a solução", diz o representante comercial.
Após seis anos, os Matsumoto terão desembolsado mais de R$ 47 mil -por um carro que, na tabela, custa R$ 31 mil. "Precisamos fazer o negócio dessa forma para manter as parcelas relativamente mais baixas."
Como Matsumoto, mais e mais consumidores optam pelo financiamento, que registra crescimento acelerado e se solidifica como a melhor alternativa das montadoras para o escoamento da produção.
A diminuição das taxas de juros, a percepção de estabilidade econômica, a maior oferta de crédito e o alongamento dos planos são os responsáveis por essa expansão. Aliás, esse alongamento acaba de registrar novos patamares: a Ford anunciou um plano de 84 meses -o recorde era de 72 meses.
"A tendência do consumidor é buscar planos longos, acima dos 36 meses, que sejam adequados à sua condição financeira", diz Luiz Montenegro, presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras).

Cuidados
Se financiamentos exigem extremo cuidado para evitar estouros no orçamento, os de carro exigem atenção redobrada.
"Normalmente, para planos com parcelas de R$ 500, a prestação é apenas a metade do custo do carro", diz Louis Frankenberg, fundador do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.
"Além do financiamento, há impostos, seguro, gasolina, manutenção. Tudo somado, o custo do carro fica entre R$ 800 e R$ 1.000 mensais. É esse o número que o consumidor precisa ver se cabe no seu orçamento."
O planejador financeiro Fabiano Calil recomenda cautela, especialmente nas chamadas compras de fim de semana.
"Nesses momentos, age-se de forma totalmente emocional. Nos primeiros meses do financiamento, tudo vai bem. Os problemas começam quando chegam os boletos."
Por isso a palavra-chave é responsabilidade. "As financiadoras oferecem as opções, mas quem decide a compra é o consumidor. É preciso ter responsabilidade antes de colher o crédito", aconselha Calil.
Nesse caso, vale o conselho de Frankenberg: "Faça cálculos reais antes de assinar o contrato. Se não cabe no orçamento, não adianta tentar encaixar. Porque, mais cedo ou mais tarde, você ou quebra ou perde o carro". E isso ninguém quer.


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